om uma vontade imensa de conhecer a praia e o horizonte, que ele diz que não tem fim e que muda de cor quando você olha fixamente, Vicente pinta o Rio de Janeiro. Pinta são Paulo. Pinta o aeroporto nunca visitado. Pinta a cachoeira, que ele recorda quando criança lá pelos lados de Guaimbê. Pinta lugares nunca vistos. Mundo a fora. Com poucos pincéis, tintas e telas doados pela entidade, Vicente vai do Oiapoque ao Xuí com seus quadros. E desperta sentimentos ternos e verdadeiros. Nenhum sentimento inferior. Nada de pena ou dó. Vicente sempre recebe a todos com um sorriso de boas vindas. E fica feliz por estar se tornando uma “estrela”.
Vicente vê alguns lugares conhecidos, como o caminho que ele faz uma vez por semana ao passar pelas cidades vizinhas para fazer o tratamento da hanseníase. Vê pontes, fazendas, rios, mas nunca a doença que carrega há anos. Aproveita o passeio, que assim chama, para buscar inspiração. Encara a vida urbana retratando a correria do dia a dia. Diferente da sua vida. Muito verde, mas menos do que ele gostaria. Muitos amigos. No total são 44 e uma coragem sem tamanho de conhecer a vida lá fora. Quais seriam as cores que essa vida tem? O que Vicente enxergaria?
Em maio de 2010, Vicente ganhou pouco mais de 15 minutos de fama. Sua primeira exposição foi feita na cidade com 36 telas, que foram vendidas ao público. Vicente conta que gostaria de ter seu próprio ateliê no centro da cidade, mas também gostaria de continuar pintando no Lar, pois ali traz paz e felicidade para a alma. Acredita que em breve entrará para um curso de pintura. Vicente agradece pelas ajudas recebidas. Emociona-se e sorri.
Paixão pela vida. Paixão pelas cores. Vicente revela a saudade que sente da mãe e da família. Diz que gostaria de ter entregue o quadro feito para ela. Mas a chuva o borrou em uma tarde cinzenta. Mas ele não entristece. Sabe que fez tudo o que poderia ter feito ao lado dela. E crê que lá de cima, ela o abençoa e o ajuda a acreditar na vida.
‘Vivendo’ (90 pag., Ed. Raízes) foi escrito como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Jornalismo, na Universidade de Marília (SP).
Fotos: Caroline Mussato / Portal Terceira Idade / divulgação
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