Ana Lins dos Guimarães Peixoto, ou Aninha, Anica, Anita ou Cora Coralina (foto), era todas numa só, pequenina, franzina, eternamente atarefada, permanentemente escritora e voz viva da cidade de Goiás (GO), personagem e símbolo da tradição da vida interiorana.
Cora Coralina nasceu em 20 de agosto de 1889, na casa que pertencia à sua família há cerca de um século, filha do Desembargador Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto e Jacita Luiza do Couto Brandão.
Seu pseudônimo vem da palavra “coração”
Cora cursou apenas as primeiras letras com mestra Silvina e já aos 14 anos escreveu seus primeiros contos e poemas. ‘Tragédia na Roça’ foi seu primeiro conto publicado. Virou Cora aos 15 anos, o pseudônimo “Cora”, derivativo de coração, foi uma exigência para disfarçar a escritora. Depois de algum tempo, adotou o pseudônimo completo, Cora Coralina – coração vermelho.
Conheceu Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, durante uma reunião literária. Tinha 20 anos, e se apaixonaram. Cantídio era separado, tinha filhos na capital paulista e uma outra filha, fruto de romance com uma índia, filha essa que Cora criou. Em 1934, Cora fugiu com ele para Jaboticabal, interior de São Paulo.
Cora ousada
Apesar de ter conhecido Cora no meio literário, Cantídio não gostava da vocação da mulher. A Cora ousada que deixou para trás preconceitos sociais pouco ligava e publicava artigos nos jornais de Jaboticabal. Depois, ao mudar para São Paulo, construía poesias e costurava contos.
Flagrada na cidade pela Revolução Constitucionalista de 1932, alistou-se como enfermeira. A filha mais nova, Vicência, encontrou sua ficha de inscrição recentemente, perdida entre centenas de textos inéditos. Após a revolução encontrou outra causa, começou a lutar pela formação de um partido feminino.
Ao se tornar viúva, vendeu livros editados pela José Olympio de porta em porta. Mudou-se para Penápolis, no interior paulista, montou uma pensão, depois um pequeno comércio, a ‘Casa de Retalhos’. No início da década de 50, foi para Andradina, abrindo a ‘Casa da Borboleta’, que vendia um pouco de tudo para mulheres. Mas não deixava de subir em palanques para apregoar o voto na UDN.
Aprendeu a datilografar aos 70
Em 1956, voltou à sua terra de origem para lutar pela posse da velha casa antes que, por usucapião, se transferisse para um sobrinho. Entre móveis antigos e sob o calor do velho fogão de lenha, Cora não cansava de escrever. Aprendeu a datilografar aos 70 anos. Publicou o primeiro livro, ‘Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais’, aos 75 anos.
Em 1984, recebeu o Grande Prêmio da Crítica/Literatura, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e o Troféu Juca Pato, concedido pela União Brasileira de Escritores.
Cora Coralina faleceu em Goiânia em 10 de abril de 1985. Logo após sua morte, seus amigos e parentes uniram-se para criar a ‘Casa de Coralina’, que mantém um museu com objetos da escritora recontando sua história.
Foto: divulgação
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