Em Montreuil, um município bem perto de Paris, 20 senhoras, todas com mais de 60 anos, moram num condomínio onde pagam um aluguel bem acessível. Elas são divorciadas, viúvas ou solteiras, e a maioria tem filhos e netos. Até aí, nada de mais… A diferença é que elas resolveram morar “de forma coletiva”.
“Envelhecer do jeito que eu quero…”
Independentes, politizadas e ativas, essas mulheres decidiram que sua velhice seria exatamente do jeito que elas desejassem.
Na Maison des Babayagas, como é chamado o condomínio, cada um mora no seu apartamento ou casa, mas realizam projetos juntos além de se divertirem nas áreas comuns deste “tipo de condomínio”, que tem estatuto próprio criado por eles mesmos. A auto-gestão da vida, autonomia e independência são primordiais, além de uma postura de cooperação e solidariedade para viver em grupo.
São mulheres e também homens a partir dos 60 que resolveram experimentar viver de forma coletiva – um movimento que, no mundo, é chamado de “cohousing”.
“Nem marido, nem família, nem patrão e nem o Estado me dirão como e nem onde eu devo envelhecer”, afirma, orgulhosa, uma das moradoras.
Anti-asilo
As moradoras nunca estão sozinhas, e possuem uma infraestrutura mínima do Estado, mas a autonomia pessoal é um valor que não se coloca em dúvida neste coletivo criado em 1999, e chamado de “anti-asilo” pelo jornal Le Monde. A Maison foi inaugurada em 2013, após uma longa luta coletiva. Caso uma das moradoras perca a autonomia e não possa viver sozinha, ela vai para um asilo subvencionado pelo Estado.
Não há empregadas, as “Babayagas” têm que cuidar da manutenção de suas casas assim como dos espaços coletivos da Maison. No estatuto consta também cidadania, ecologia, feminismo, laicidade e solidariedade.
Imóvel social
As residências da Maison des Babagayas são destinadas pela administração francesa a pessoas de menor renda comprovada. A Maison é administrada em parceria com a prefeitura de Montreuil, que oferece subvenções financeiras e apoio logístico.
Foto: divulgação
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Jornalista pela Unimar (Universidade de Marília) e autora do livro ‘Vivendo’ (clique aqui para falar com a colunista)