“O calhambeque, bi-bi. Quero buzinar o calhambeque, bi bidhu, bidhubidhu bidubi!…” Quem tem mais de 50, com certeza se recorda desse trecho de uma das primeiras músicas de Roberto Carlos.
Ainda me lembro bem, quando ainda era criança, de ter ganhado meu primeiro compacto simples, com essa música. Curiosamente, o compacto era feito de papelão (sim, acredite, era de papel mesmo, e tocava direitinho; um brinde oferecido na compra das canetas Sheaffer, na época; foto abaixo). A música fazia parte do disco “É Proibido Fumar”, de 1964, lançado após seus dois primeiros discos, “Louco por Você” (1961) e “Splish Splash” (1963).
Roberto Carlos Braga, nascido em 1941 em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, completou 70 anos no último dia 19 de abril. Iniciou sua carreira no rádio aos 14 anos, em 1955, se apresentando com o ‘Conjunto de Ritmos de Zé Nogueira’ como cantor convidado. Aos 15 anos, mudou-se para Niterói (RJ), em busca de realizar seu sonho: seguir a carreira de cantor.
Roberto faz juz ao seu título de Rei, conseguido ao longo de seus 56 anos de gravações. Mas, nos anos 1960, quando a própria juventude ainda “andava nas fraldas”, seu nome ainda era uma aposta no mercado fonográfico. O sucesso veio depois de sua aparição no ‘Programa Jovem Guarda’, da TV Record. Elis Regina, Jair Rodrigues, Zimbo Trio e Elizeth Cardoso atraiam muito público ao programa, mas a emissora queria conquistar uma audiência inédita, os adolescentes.
O destino fez com que Celly Campelo, por assuntos familiares, recusasse o convite para assumir a frente do dominical. Paulo Machado, então diretor da TV Record, resolveu fazer um teste com o jovem Roberto, que apareceria ao lado dos também principiantes Wanderléa e Erasmo Carlos. Ele não imaginaria que, durante a uma hora de duração do programa, as TVs da época chegariam a registrar picos de 3 milhões de telespectadores em São Paulo.
“Roberto Carlos foge para não ficar nu!”, era a manchete dos jornais no dia seguinte. Segundo as publicações que acompanharam a estreia, Roberto foi cercado por 30 garotas descontroladas, disputando os pedaços que tinham rasgado de sua camisa.
Entre 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Seus discos já venderam quase 130 milhões de cópias e bateram recordes de vendagem, incluindo gravações em espanhol e inglês, em diversos países. Fez milhares de shows em centenas de cidades, no Brasil e no exterior. Seu fã-clube é um dos maiores de todo o mundo. Dezenas de artistas já fizeram regravações de suas músicas. Sua carreira no cinema inclui vários filmes, entre eles: “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” (1968), “Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa” (1970) e “Roberto Carlos a 300 Km por Hora” (1971), todos dirigidos por Roberto Farias.
Roberto faria a comemoração de seu aniversário em um show no dia 19, em Vitória (ES), mas cancelou o evento em função da morte de sua enteada, Ana Paula Braga, filha do primeiro casamento de Nice Braga, aos 47 anos, após ter uma parada cardíaca.
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)