Dizem que errar é humano. Porém, quando se trata de lidar com a vida humana, acredito que a situação se torna bem mais complexa e passível de julgamento. Recentemente, todas as mídias noticiaram o fato da criança que faleceu devido a ter recebido vaselina na corrente sanguínea ao invés de soro!
Os pais da menina, que estava internada no hospital devido a um simples problema digestivo, disseram que ela já estava tendo alta e já havia tomado duas bolsas de soro, porém faltava ela tomar mais uma. Quando a enfermeira iria colocar a última fadada bolsa de soro, ela se confundiu e colocou uma bolsa de vaselina, o que levou a paciente a uma morte instantânea.
Como podemos entender essa fatalidade? Ou mesmo aceitá-la? A enfermeira e o hospital alegam que as bolsas de soro e de vaselina têm a mesma cor e apenas um pequeno rótulo distinguiria uma da outra, e que assim fica muito fácil confundi-las e bla, bla, bla…
Que maluquice o hospital ainda querer achar uma justificativa para um erro tão grave, assumindo que seria praticamente “normal” isso acontecer. Porque será que a vida humana está com um valor tão baixo? Ou praticamente sem valor algum?
Massificação, pressa, custo-benefício, valor de mercado, vendas, ganhos… Estas têm sido as palavras de ordem do dia. Se toda uma linha de carros de um modelo específico der algum problema, imediatamente, sai um anúncio de página inteira nos maiores jornais, chamando o cliente para um “recall”. Afinal, a fábrica “X” não pode perder seus clientes para a fábrica “Y”, existe muito dinheiro envolvido neste mercado…
Enquanto isso, o caso desta criança e de tantos outros seres humanos que falecem por erros médicos e hospitalares gravíssimos vira apenas mais uma manchete do dia!
PS1: Acho bom contratarmos logo uma agência de propaganda para fazer uma boa “campanha” que aumente o “valor da vida”, antes que seja tarde…
PS2: Quem sabe, talvez até nos chamem para um “recall”?
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)