Houve uma época quando católicos e judeus comemoravam a Páscoa na mesma data. As datas começaram a variar a partir de 1582, quando a Igreja Católica passou a adotar o calendário gregoriano.
É por isso que, hoje, existe essa diferença entre as datas. Neste ano, a Páscoa cristã será celebrada no dia 20 de abril (domingo), e a Sexta-feira Santa no dia 18 de abril.
A Páscoa judaica, conhecida como Pêssach, será comemorada, este ano, entre os dias 15 e 22 de abril, que, no calendário judaico, corresponde ao mês de Nissan, do ano 5774. Em todo o mundo, as famílias judaicas reúnem-se para o ‘Seder do Pêssach’, ceia ritual em que relembram a liberdade dos hebreus de um longo período de cativeiro no Egito, há mais de 3.400 anos.
“É a valorização da liberdade, em todos os sentidos. Comemoramos a liberdade de todos os tipos de perseguição”, afirma Boris Ber, do Conselho Consultivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo.
O Pêssach é comemorado durante oito dias. Durante esse período, alimentos fermentados estão proibidos. Nos jantares familiares, a história da Páscoa judaica é lida em voz alta e são consumidos alimentos simbólicos, como a Matzá, um pão sem fermento, que lembra o pão dos anos de escravidão no Egito.
A Páscoa cristã tem início com a vigília pascal no sábado à noite, quando as velas são acesas por fiéis que saem em procissão e que, juntamente com o Domingo de Páscoa, formam a parte mais importante da liturgia.
“Mas o símbolo religioso mais forte da Páscoa cristã é o círio pascal, que é aceso no Domingo de Páscoa e permanece queimando até o dia de Pentecostes, 50 dias depois”, explica o frei Sandro Roberto da Costa, do Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis, e professor de história da igreja. “Se Jesus não tivesse ressuscitado, vã seria nossa fé”, complementa frei Sandro. Padre Gregório Teodoro, da Catedral Ortodoxa Antioquina, em São Paulo, reforça: “Se Cristo não tivesse ressuscitado, tudo seria vão”.
O ovo, símbolo conhecido da comemoração cristã, também está presente na Páscoa judaica. O Beitzá, o ovo cozido, simboliza a lembrança do sacrifício oferecido a cada festividade.
O uso de ovos pintados e decorados na Páscoa foi registrado pela primeira vez no século 13 e acabou assimilado. “Jesus ficou na sepultura antes de ressuscitar. O ovo é uma espécie de tumba, mas, ali, tem vida”, analisa frei Sandro.
“Os ovos que distribuímos são pintados de modo bem mais simples, representando a geração da vida”, diz o padre Gregório. “No domingo distribuímos ovos de chocolate às crianças, mas isso não faz parte da tradição”, completa.
A associação do coelho com a data apareceu em áreas protestantes da Europa no século 17 e só tornou-se popular a partir do século 19.
Curiosidade: A data da Páscoa
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 de março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária – conhecida como a “lua eclesiástica”.
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a sequência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa “móvel”. A sequência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700 anos no nosso calendário Gregoriano.
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)