“Não posso ficar nem mais um minuto com você. Sinto muito amor, mas não pode ser…” O trecho é da música “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa, de 1964, Naquele ano, o sambista disse à sua amada, na época, que não podia ficar nem mais um minuto com ela. Tudo porque morava em Jaçanã e, se perdesse o trem das 11, só voltaria para casa na outra manhã – além de provocar uma noite de insônia em sua pobre mãe. Assim, sem querer, imortalizou a linha da Tramway, condutora do tal trem, que realmente existia. Criada em 1894, foi extinta no ano seguinte ao do sucesso musical, em 1965.
Este ano, comemora-se o cinquentenário da música – criada em 1964, a canção foi premiada no Carnaval do Rio de Janeiro somente no ano seguinte. Além dos Demônios da Garoa, o samba recebeu uma versão da cantora baiana Gal Costa.
“João Rubinato não é nome de cantor de samba…”
Adoniran achava que João Rubinato, seu nome verdadeiro, não era nome de cantor de samba. Resolveu mudar. De um amigo, pegou emprestado Adoniran e, em homenagem ao sambista Luiz Barbosa, adotou seu sobrenome.
Adoniran, que faria 105 anos em agosto deste ano, nasceu em Valinhos, no interior de São Paulo, em 1910. Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no primário para trabalhar. Foi tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom. No começo da década de 30, passou a frequentar os programas de calouros da rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo. Ganhou seu primeiro prêmio com a marcha ´Dona Boa´, em 1934, conquistando o 1º lugar.
Suas músicas, entre elas, ‘Malvina’, ‘Samba do Arnesto’ e ‘Saudosa Maloca’, representam um dos painéis mais importantes da cidadania brasileira. Os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem solitário, estão intactos nas criações de Adoniran que, com humor, descrevia as cenas do cotidiano. O compositor morreu em 1982, aos 72 anos de idade.
PS 1: 1º de maio é Dia do Trabalho.
PS 2: Salve os trabalhadores do “trem das 11”!
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)