Na França, no Paris Saint-Germain, os neonazistas ficam de um lado do campo e os torcedores, de origem árabe, de outro, ofendendo-se mutuamente durante os noventa minutos de jogo. Até recentemente, essas maifestações se restringiam às arquibancadas.
O jogador Paolo Di Canio (foto), do Lazio, time da capital italiana, tornou-se um caso raro: o de atleta que, dentro de campo, insufla comportamento reprovável, ao fazer saudação fascista, braço direito erguido, no fim de duas partidas do campeonato italiano em dezembro/2005. Na juventude, o jogador pertenceu a um grupo de “ultras”.
Na Holanda, como durante muitos anos o Ájax foi dirigido por um judeu, os torcedores de outro clube o Feynoord, começaram a provocar os rivais com assobios (referência as câmaras de gás) e menções a Auschwitz nos gritos de guerra. Os torcedores do Ájax resolveram assumir a identidade “judia”, e hoje é comum vê-los com bandeiras de Israel ou com a estrela-de-davi tatuada no braço, embora não haja vínculo entre o clube e a comunidade judaica de Amsterdã.
E o Brasil? Como pode um país que tem uma miscigenação tão complexa, sendo o país com a segunda população negra do mundo, ficando atrás só da Nigéria, fazer parte deste contexto mundial de discriminação?
No jogo entre Juventude e Internacional em 2005, em Caxias do Sul, os torcedores imitavam macaco quando o jogador Tinga, do Internacional, tocava na bola.
As câmeras das TVs puderam mostrar muito bem o gesto em que Antonio Carlos, zagueiro do Juventude, mostra a cor de sua pele para o atleta adversário negro.
A torcida do Grêmio faz menção racista em seu grito de guerra e suas músicas cantadas nos estádios.
O árbitro da FIFA Paulo César de Oliveira, foi agredido verbalmente pelo tri-campeão do mundo Carlos Alberto Torres (também negro), hoje treinador, que o chamou de macaco.
Carlitos Tevez, argentino, fez declarações de que, quando começou a jogar no Corinthians, várias vezes foi ofendido por atletas adversários e alguns árbitros.
E a FIFA deixou o problema se agravar para tomar providências. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, qualificou os fatos de repugnantes, “principalmente num esporte que tem como rei um negro”, afirmou, em referência a Pelé, aprovando no dia 17/03/06, em Zurique, uma emenda no artigo 55 do código disciplinar do esporte, que prevê punições severas para as equipes cujas torcidas cometerem atos racistas.
No nosso CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), a questão nem existia nas regulamentações anteriores e as medidas eram consideradas levianas, como multas ou pequenas perdas de campo. Agora a CBF seguirá o Código Disciplinador estabelecido pela entidade máxima do futebol mundial, que passa a ser rigoroso com as discriminações tanto de atletas como de torcedores.
Afinal o esporte é para unir nações, confraternizar, enfatizar a igualdade e mostrar que através dele podemos melhorar o relacionamento mundial.
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)