O Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação) mostra um aumento de 112% no total de documentos válidos para a “moçada” da terceira idade. De 2003 para 2006, o número de carteiras de habilitação subiu de 94 mil para 199 mil.
Entre os condutores do país acima de 61 anos, a alta foi de 44% e entre jovens de 18 a 21 anos, 4%. No Brasil não há na lei que limite a idade para que alguém deixe de dirigir. A única restrição é que, a partir de 65 anos, os condutores devem ser aprovados nos exames de aptidão para renovar a carteira a cada três anos.
O aumento se deve à elevação da expectativa de vida e à popularização do carro nas últimas décadas, além do fato de haver deficiências no sistema de transporte coletivo, fazendo com que o automóvel passe a ser uma alternativa para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida do idoso.
De acordo com os dados da pesquisa, é como se um em cada 200 condutores brasileiros tivesse mais de 80 anos, mas não significa que eles estejam nas ruas nessa proporção, mesmo porque a tendência é que eles se desloquem menos que os jovens. O que se está constatando é que muitos idosos, mesmo os que não dirigem mais, acabam renovando suas habilitações a pedido de parentes, que usam o documento para transferir suas infrações (são os donos dos veículos que indicam quem cometeu a infração), evitando assim a suspensão da carteira de habilitação. Mas o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo alerta: o motorista que faz indicação falsa de condutor para transferir pontos pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica.
O mais antigo na profissão de taxista em São Paulo, com 87 anos, Waldemar Rosa (foto), dirige todos os dias, sem folga nos finais de semana e sempre com traje social incluindo a gravata. E você pode encontrá-lo ativo em seu ponto na rua Frei Caneca, na região central de São Paulo. Ele já transportou famosos como Pelé, Xuxa e Tancredo Neves.
Dona Arlinda Albuquerque Moretti, de 84 anos, tem uma agenda lotada: supermercado, farmácia, banco, igreja, coral, visita às amigas, posto de gasolina, mecânico e até para viajar faz questão de dirigir seu Escort 1996. “Sou motorista completa”, afirma.
Ion de Freitas, 84 anos, 60 de habilitação, ainda dirige seu carro, um Eco Sport, todos os dias para ir ao trabalho e defende a qualidade dos idosos ao volante. “Não vejo a idade como um problema. Há limitações físicas, mas cada um conhece as suas restrições. Em geral, os idosos têm a vantagem de ser mais prudentes e experientes. Já os jovens são muito afoitos”, destaca.

Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)