Acredito que a maioria dos leitores lembra-se desta fase obscura de nossa civilização! Claro que isso já faz muito tempo. Na época da inquisição, toda e qualquer pessoa que não concordasse com os preceitos da Igreja Medieval, ou fosse um curandeiro ou benzedeiro, enfim, alguém que afirmasse ou se comportasse da maneira diferente das regras que a sociedade da época impunha, era considerado um bruxo ou uma bruxa e queimado em praça pública!
Na semana passada, tivemos um episódio hediondo e medieval. Três rapazes se viram no direito de atacar, bater e, se pudessem, até queimariam, outros três rapazes que caminhavam na grande e moderna Avenida Paulista (região central de uma das maiores cidades da América Latina), por não gostarem do fato destes moços serem gays. Os vilões assumiram esta postura com a maior naturalidade, pelo que se pode ver nas gravações de câmeras próximas ao local.
Bem, estes “seres medievais” foram presos e soltos praticamente 24 horas após o ocorrido. Mesmo com testemunhas, gravações e depoimentos, nada impediu que eles ficassem impunes. Depois de ocorrido esse fato, pipocaram na mídia mais e mais casos de homofobia em todo o país.
O Brasil é conhecido pela sua diversidade de etnias, sua “convivência pacífica” com as centenas de imigrantes que para cá vieram no século passado: italianos, portugueses, japoneses e chineses, sem falar dos negros que foram trazidos como escravos e dos índios que já viviam aqui. Temos a fama de um povo acolhedor. Será que isso é só uma propaganda enganosa? Onde está nossa tolerância para com as diferenças?
Somos capazes de tolerar a miséria, a fome, a falta de moradia, saúde, educação, empregos, e uma centena de outras atrocidades. Mas a diversidade sexual e, muitas vezes, étnica, não!
Preconceito e intolerância são ingredientes perfeitos para tornar uma sociedade primitiva, agressiva e passível de dominação pelo primeiro “louco” que aparecer. Cuidado, qualquer um de nós pode ser a próxima vítima!
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)