Um relatório anual divulgado pela polícia no Japão revelou que o número de furtos em lojas atingiu um nível recorde no país no ano passado. O dado mais estranho e curioso do relatório, porém, refere-se ao personagem principal da estatística: os idosos.
Segundo o documento da Agência Nacional de Polícia, 26,1% dos acusados de furtos em lojas detidos em 2010 tinham mais de 65 anos. No total, 27.362 pessoas nessa faixa etária foram presas no ano passado sob acusação de furto em lojas, um número quase igual ao de adolescentes.
De acordo com a polícia, este recorde representa uma tendência constante nos últimos anos. Quando a polícia iniciou este tipo de registro em 1986, o número de aposentados presos foi de 4.918. Desde então, este número aumentou, chegando a 10 mil em 1999 e 20 mil em 2004.
A maioria dos idosos furtou alimentos ou roupas, em vez de objetos mais caros, segundo a agência. “Os aposentados não furtam apenas por uma questão financeira, mas, também, devido a um sentimento de isolamento, peculiar à idade”, disse uma autoridade da polícia ao jornal ‘Mainichi’.
A sociedade japonesa está passando por um rápido processo de envelhecimento e sua economia continua enfrentando dificuldades. Mais de 20% da população do país tem mais de 65 anos, um número que deve aumentar para cerca de 40% em 2050.
Nas últimas décadas as residências japonesas mudaram. Tradicionalmente três gerações de uma mesma família moravam em uma única casa, mas esta estrutura mudou. Muitos jovens se mudaram para as cidades maiores para encontrar emprego, e os idosos acabaram morando sozinhos. Os aposentados que querem trabalhar têm dificuldade em encontrar um emprego devido à crise econômica.
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)