A doença é degenerativa, tem nome alemão difícil de soletrar e assola cerca de 1,2 milhões de pessoas só no Brasil – a maioria mulheres.
Mas enquanto a medicina ainda procura respostas para a cura do Mal de Alzheimer – sobrenome do psiquiatra Alouis Alzheimer, o primeiro a diagnosticar a patologia –, a arte pode, e muito, auxiliar no tratamento, como acreditam as idealizadoras do projeto “Faça Memórias, Cultural”, que acontece no Museu Brasileiro de Esculturas (MuBE), em São Paulo, e que está com vagas abertas para pacientes diagnosticados com níveis leve ou moderado da doença.
Desenvolvido pelas arte-terapeutas Cristiane Pomeranz e Juliana Naso, em 2009, o projeto foi inspirado em uma iniciativa semelhante do MoMA, Museu de Arte Moderna, em Nova York (EUA), que usa o próprio acervo para atender pessoas com Alzheimer. Mas no MuBE o “Faça Memórias, Cultural” recebeu adaptações. O atendimento não se limita à doença, ele abre espaço para outras demências, como idosos com pequenos déficits de memória e mesmo para quem só queira estimular o cérebro, visitando as exposições.
“Não se trata de um tratamento, mas uma oportunidade de estimulação cognitiva, convívio social e melhora da qualidade de vida que tem se tornado regra. Muitos aqui não tinham nenhuma atividade semanal. Ficar em casa e não ter rotina é tornar o envelhecimento vazio e propenso às doenças – ou à piora de algumas delas”, afirmam Cristiane e Juliana.
O projeto visa criar diálogos entre as obras de arte expostas e as memórias preservadas dos idosos, que encontrarão, no museu e no atelier, as condições necessárias para troca entre a arte e a vida. O programa é voltado à terceira idade, com foco na estimulação de: memória, cognição e expressividade nos mais diversos níveis, fazendo uso da obra de arte como instrumento terapêutico.
Manter vivas as memórias de toda uma vida
Duas coisas sempre estiveram muito presentes na vida da professora Lucia Frota, 85: literatura e visitas a museus. Há dois anos, passou a frequentar um curso no MuBE, não apenas para aprender mais sobre artes plásticas, como cores, formas e palavras, mas para ajudá-la a manter vivas as memóriasde toda uma vida.
Portadora do Mal de Alzheimer, doença diagnosticada há três anos,dona Lucita, como é mais conhecida, entrou para o “Faça Memórias, Cultural” em 2009, logo no início da criação do projeto.
A ideia de inscrever dona Lucita partiu da filha Lucia. “Achei que seria bom para ela. Hoje, os médicos dizem que minha mãe estaria na cama se não fizesse atividades que estimulam seu cérebro, como as que ela faz no curso”, enfatiza.
O museu
Além do curso de memória, o MuBE desenvolve extensa e diversificadaprogramação cultural, com exposições, cursos, seminários, palestras e recitais de piano. São realizadas, em média, vinte e cinco exposições/ano, abrindo espaço para novos talentos, além de apresentar mostras de artistas renomados, nacionais e internacionais. O museu recebe, aproximadamente,150.000 visitantes por ano. As exposições contam com visitas educativas para crianças, estudantes, grupos de terceira idade e público em geral.
FAÇA MEMÓRIAS, CULTURAL
Conheça o projeto (10’36”)

Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)