Sempre fui fã de músicas que retratam o folclore e a música de raiz do interior paulista e de todo o Brasil. Com certeza, nenhum ícone nessa área supera a nossa querida Inezita Barroso, cantora e violeira que, com seus bem vividos 90 anos, nos apresentou com doçura, paixão e muita simpatia a riqueza da poesia das letras que estão por trás de cada música que ela interpretava.
Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, morreu na noite do último domingo, 8 de março, curiosamente, na mesma data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher – um motivo a mais para lembrarmos desta data marcante.
Inezita estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 19 de fevereiro. Segundo a família, Inezita morreu, sem dor, em decorrência de uma insuficiência respiratória aguda. Completou 90 anos no último dia 4. A cantora deixa uma filha, Marta Barroso, três netas e cinco bisnetos.
Cantava contando “causos”
Em maio de 2011, tive a feliz oportunidade de conhecer Inezita pessoalmente. A convite de sua equipe de produção, assisti a um de seus shows no Sesc Consolação, em São Paulo, cantando clássicos da música sertaneja como ‘Lampião de Gás’ e ‘Moda da Pinga’. O teatro, com capacidade para 328 lugares, estava lotado. E todos, sem exceção, batiam palmas e cantavam juntos as doces melodias que Inezita interpretava, acompanhada de sua banda muito profissional e divertida.
Já conhecia a figura de Inezita através de seu programa ‘Viola, Minha Viola’, na TV Cultura de São Paulo. Mas tenho que admitir que, vendo-a ao vivo, fiquei impressionada com sua vitalidade. Cantou com voz firme e forte, brincando e contando “causos” no palco. E tudo isso de pé, durante mais de uma hora inteira de show.
Lógico que, ao término do show, não resisti a uma visita ao seu camarim. Com um sorriso feliz igual ao de uma criança, ela me deu um beijo e um abraço bem gostoso, deixando-me com a certeza de que viver feliz faz a gente viver mais e melhor!
Amor pela música caipira
Nascida em 4 de março de 1925, no bairro da Barra Funda, em São Paulo, Inezita era filha de família tradicional paulistana. Passou a infância cercada por influências musicais diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu seu amor pela música caipira e pelas tradições populares. Além da cantora, foi instrumentista, arranjadora, folclorista e professora. Em cerca de 60 anos de carreira, gravou mais de 80 discos. Como intérprete, sua gravação mais famosa foi ‘Moda da Pinga’.
Na televisão, iniciou a sua carreira artística junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o ‘Viola, Minha Viola’, que apresentou por quase 35 anos, desde os anos 1980. Inezita manteve a rotina de apresentações e gravações do programa até 2014.
Inezita foi uma lição de vida para todos nós. Uma mulher forte, porém cheia de amor, humildade e compaixão para com o próximo.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)