Ela começou a treinar atletismo contra a vontade do pai, o pedreiro Praxedes, que não queria ver a filha metida no esporte. Eram os idos dos anos 1950 e, naquele tempo, era difícil para uma menina que vivia no Morro do Arroz, em Niterói, contrariar a família.
Aida dos Santos (foto) tinha 19 anos quando, de carona com a vizinha Vilma, passava os domingos no estádio Caio Martins. Quando Praxedes descobriu que a menina treinava escondido, deu uma surra na filha. “Pobre tem que trabalhar para ajudar no sustento da família”, dizia.
A família de Aida incluía a mãe lavadeira e cinco irmãos. Apesar de todos os obstáculos, foi com obstinação que Ainda chegou aos Jogos Olímpicos do Japão, em 1964. Ficou em quarto lugar e foi o melhor resultado individual em Tóquio.
A história de Aida e de outras 19 mulheres atletas que venceram, além dos desafios do esporte, os preconceitos da sociedade, as dificuldades na família e obstáculos pessoais está no livro “Atleta, substantivo feminino”, do jornalista Oscar Valporto (Casa da Palavra).
Gente como Maria Lenk, única atleta mulher de toda a América do Sul nos jogos de Los Angeles em 1932, não teve que vencer só competições. Além do esforço e da dedicação que o esporte exigia, era preciso superar preconceitos e desconfianças.
Até chegar às rainhas das areias, nos anos 1990, eram trajetórias esportivas solitárias, curtas e sofridas.
O livro é um belo resgate desse pioneirismo e, mais, uma demonstração de como a história recente das mulheres ainda é tão fortemente marcada por autoritarismo masculino e injustiças.

Redação do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a equipe de redação do Portal Terceira Idade)