Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem hoje uma população de 15 milhões de pessoas que atingiram a idade de 60 anos ou mais e que comprovam que os idosos estão mais ativos. E a perspectiva é de que, nos próximos 20 anos, mais de 30 milhões de brasileiros terão atingindo a terceira idade.
De acordo com essa realidade, muitas instituições de ensino superior estão oferecendo cursos especialmente desenvolvidos para a essa faixa etária.
“Os cursos de extensão são acima de tudo, um serviço social. Eles têm o poder de reintegrar as pessoas de mais idade à comunidade e contribuir para que cada uma delas reconquiste sua identidade pessoal e seu espaço no coletivo. Percebe-se que no Brasil ainda há resistência por parte dos indivíduos em encarar a terceira idade de forma positiva, e os cursos têm, também, o papel de conscientizar essas pessoas de que elas têm direitos e podem iniciar uma nova fase da vida em qualquer idade”, afirma Cristina Fogaça, presidente da Associação das Universidades e Faculdades Abertas para a Terceira Idade (Aufati).
Exemplo dessa reintegração é o paulista nascido em Araraquara (interior de São Paulo) Valério Galeassi, 86 anos, que foi morar em Canoas ao conhecer uma gaúcha. A morte de sua esposa, após 58 anos de casados, em 2000, o deixou desorientado por um ano e meio.
Orientado pelo neto, Galeassi resolveu entrar no curso de direito da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) através de um programa especial para a terceira idade. Galeassi tinha o objetivo de se formar em direito desde a juventude, mas a vida profissional o levou para a área de contabilidade. No dia 05 de janeiro de 2008, Galeassi se formou, enfim, em direito.
Maurício Góes, coordenador do curso, o aponta como aluno dedicado. “Ele é um guri de 86 anos”, elogia Vanessa Ribeiro Mansson, 38 anos, sua melhor amiga da faculdade e companheira de churrascos.
“Quando me formar, não sei se minha idade é recomendável para trabalhar, mas, por via das dúvidas, já me inscrevi para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que habilita bacharéis a exercerem a advocacia, e penso em emendar uma pós-graduação em direito do trabalho”, concluiu Galeassi.
Galeassi também afirmou não querer ser exemplo para a sua geração, mas sim para os mais jovens, pois muitos têm condições e ficam o dia todo sem fazer nada.
Os cursos em geral estão seguindo o modelo criado pelo psicopedagogo francês Pierre Vellas em 1970, e que têm o objetivo de promover a atualização cultural. Os cursos de extensão oferecem duas ou três aulas semanais e a duração depende da grade curricular de cada instituição. Para ingressar, os interessados não precisam realizar nenhum tipo de prova ou avaliação formal.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)