O paciente aguarda na sala de espera para ser atendido em um dos consultórios da clínica. Enquanto espera, utiliza o banheiro, que fica ao lado da cozinha e de um espaço com equipamentos fisioterápicos. Quem pensa que a cena acima é a de uma clínica de fisioterapia comum, engana-se.
Esse é o cenário de um ônibus-clínica (foto) com 14 m de comprimento, que conta com sala de espera, três consultórios com macas, cozinha, chuveiro e banheiro, além de um espaço reservado aos equipamentos fisioterápicos. O porta-malas permite ampliar o espaço de atendimento para o lado externo, com a complementação de 6 metros de toldo e tatame.
O projeto Fisioterapia Itinerante foi idealizado pela fisioterapeuta Maria de las Gracias, 50, que investiu R$ 150 mil para montar o ônibus-clínica, que atende a cerca de 150 pacientes na região sul da capital paulistana. No atendimento é cobrada uma taxa simbólica no valor de R$ 10,00 para manter a clínica e manutenção dos equipamentos.
Baiana, Maria de las Gracias vive em São Paulo há 30 anos, trabalhando com técnicas de massagem e terapias corporais. Ela idealizou o projeto para poder ampliar sua atuação e, para poder realizá-lo, graduou-se, comprou o ônibus e até tirou habilitação profissional de motorista classe D. Após registrar a patente, contratou um motorista, pois, segundo ela, não é nada fácil dirigir um ônibus.
As regiões atendidas recebem um trabalho preliminar de esclarecimento junto à população local, através de palestras sobre saúde, apresentação da equipe de fisioterapeutas que fazem parte do projeto e dos benefícios do tratamento. Depois, são realizadas avaliações e confirmações dos pedidos de fisioterapia dos médicos.
“A fisioterapia é essencial para a recuperação de vários problemas de saúde, desde o AVC até traumatismos originários de acidentes ou mesmo de um tiro”, destaca Gracias. Segundo ela, são vários os motivos para a dificuldade de acesso da população a estes tratamentos. Além da falta de divulgação dos benefícios da fisioterapia, faltam clínicas nos bairros periféricos, sendo que em algumas regiões as clínicas são inexistentes, além do fato de existirem muitos profissionais dispostos a trabalhar sem encontrar locais.
A iniciativa da fisioterapeuta foi tão bem sucedida que pode virar lei. Projeto apresentado pelo vereador Adilson Amadeu (PTB) em março deste ano, institui a Fisioterapia Itinerante como um dispositivo que prevê que cada uma das 31 subprefeituras da capital tenha uma estrutura semelhante à montada por Maria de las Gracias. “Esse tipo de serviço diminuiria os gastos nos hospitais e ajudaria a desafogar o trânsito, já que muitos pacientes precisam que alguém os leve de carro até o atendimento”, enfatiza o vereador.
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)