“Este semestre, lá na faculdade, estou tendo aulas de inclusão digital e de língua estrangeira, mas prefiro as disciplinas de biologia e física.” Essa frase não foi dita por um aluno de faculdade de 20 e poucos anos. Frases como essa, hoje, são corriqueiras nas Faculdades Abertas para a Terceira Idade.
Estas instituições, que estão crescendo em número de alunos e, principalmente, em qualidade de ensino, deixaram de ser uma “excursão da terceira idade” ou um curso para velhos. São cursos para quem quer reciclar conhecimento.
As faculdades destinadas para os idosos não são regulamentadas pelo Ministério da Educação (MEC), por isso não possuem caráter oficial de graduação. Essas instituições são livres para criar grades curriculares e determinar o tempo de duração.
“Como não há regras para os cursos, os alunos devem optar pelos que estão vinculados às instituições de ensino superior renomadas, o que confere credibilidade”, recomenda Fauze Saadi, coordenador executivo do curso da Universidade Aberta à Maturidade, da PUC (Pontifícia Universidade Católica), de São Paulo.
Na PUC, por exemplo, onde há o primeiro curso do estado de São Paulo, a faculdade dura quatro semestres. Há cerca de 100 opções que variam entre cultura, artes, política, economia, até temas da atualidade. Não há provas, nem pré-requisitos para as matrículas, porém o aluno precisa frequentar pelo menos 75% do curso.
“Os cursos não podem simplesmente ter objetivo de preencher o tempo do idoso. As atividades precisam estar atreladas à qualidade de vida, mas tem de haver proposta acadêmica”, afirma Maria Cândida Del Masso, coordenadora do núcleo central da Universidade Aberta à Terceira Idade, projeto ligado à Universidade Estadual Paulista (Unesp).
As aulas ocorrem em 20 cidades onde há faculdades da Unesp. As inscrições estarão abertas a partir da primeira semana de agosto. Atualmente, em todos os municípios, há cerca de 5.000 alunos nas salas de aulas da Universidade Aberta à Terceira Idade da Unesp.
Naiade Montenegro (foto acima), de 93 anos, a primeira aluna da Universidade Aberta à Maturidade, da PUC, matriculada em 1991, ainda está na faculdade. A permanência extensa não significa que ela seja má aluna. Pelo contrário. Naidinha, como é conhecida, se deu tão bem nas aulas que resolveu ficar. “Antes me sentia sem incentivo, mas desde que entrei na faculdade fiz amigos e aprendi muito”, diz a ex-professora.
Como ela, seus colegas Maria Angélica Drumond, de 90 anos, e o aposentado Jayme Kuperman (foto acima), 95, não faltam às aulas semanais e garantem que a convivência é uma terapia para a idade.
Coordenador de Webdesign e TI do Portal Terceira Idade, Jornalista e Publicitário (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2150) (clique aqui para falar com o colunista)