O vazamento de óleo no golfo do México, ocorrido após a explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon em 20 de abril deste ano, foi o pior desastre ambiental da história americana.
Todos nós sabemos os danos que o fluxo descontrolado de óleo causa às águas do oceano, bem como à fauna e à flora da costa marítima. Muitas espécies passam a correr risco de extinção, entre elas, as aves.
Mas quem imaginaria que, de uma das principais vítimas, poderia surgir uma solução para o problema?
As penas das aves têm uma incrível capacidade de reter o petróleo. Elas são constituídas por estruturas sem vida, formadas por células de queratina, que se originam a partir de saliências vivas da pele das aves.
A queratina, ou ceratina, é uma proteína produzida por muitos animais para formar várias estruturas no organismo. Sua estrutura lhe confere características especiais, como microfilamentos com resistência, elasticidade e impermeabilidade à água. Os aminoácidos contidos na queratina fazem com que as penas adquiram a propriedade de fixar e arrastar as moléculas de óleo, permitindo separá-las da água.
Um quilo de penas é capaz de fixar e arrastar de três a cinco quilos de óleo. As penas, principalmente as recuperada em abatedouros, geralmente úmidas, por haverem sido submetidas a tratamento com água quente, são desidratadas antes de ser utilizadas para recuperar o óleo.
Para serem utilizadas como barreiras de contenção, as penas são picadas (não moídas) em pedaços que permitem o acondicionamento e retenção nas redes (telas) para um perfeito contato das penas com o petróleo.
As redes de contenção são montadas como se fossem salsichas, gomos em longas réstias, que são recolhidas após o encharque de óleo por processo manual ou mecânico, de preferência arrastadas sobre uma calha que faz a conexão entre a superfície da água contaminada e o tanque de recolhimento do óleo.
Uma vez recolhida, a rede que arrastou o óleo e deixou a água para trás é submetida à compressão (esmagamento) para retirada do óleo e incinerada, pois, além dos contaminantes presentes no óleo, as penas das aves são ricas em enxofre, que é altamente poluente.
Em vazamentos de óleo de pequenas proporções, as penas picadas são espalhadas sobre a mancha de óleo e, após encharque, recolhidas com uma simples peneira.
De maneira irônica e triste, surge desses seres inofensivos e indefesos uma alternativa tão simples e natural para combater devastações ao meio ambiente criadas por nós, humanos, nem tão inofensivos, nem tão indefesos…
Totus Tuus, Maria
Engenheiro Químico e Especialista em Gestão de Tecnologia Ambiental (o colunista faleceu em 2012) (mensagens enviadas a este colunista serão respondidas pela Redação do Portal Terceira Idade)
1 Comentário
Ótimo artigo!
Parabéns pelo trabalho!