Foi-se o tempo em que uma vida difícil era chamada de “vida de cachorro”. Claro que, como todo mundo, eu amo os cães, os gatos e todos os bichinhos de estimação, mas, venhamos e convenhamos, será que estamos trocando nossos amigos humanos por estes seres tão lindos e dóceis? E se for o caso, por quê?
Vivemos em uma das eras mais avançadas da tecnologia, da medicina, do bem-estar físico e material, mas acho que, espiritualmente e afetivamente, estamos sentindo um grande vazio em nosso coração, ao ponto de casais adotarem cãezinhos, dormirem com eles, isso tendo filhos ou não. Vejo centenas de pessoas, jovens ou idosas, passeando sozinhas pelas ruas das grandes ou pequenas cidades com seus lindos animais, uns grandes, outros tão pequenos que até cabem em suas bolsas.
Hoje, temos um pet shop em cada esquina, banho, tosa, escovação de dentes, terapias homeopáticas, roupinhas, tratamento vip de ponta a ponta, super legal. Estamos nos dedicando como nunca aos nossos bichinhos de estimação, enquanto a relação com outros seres de nossa mesma espécie esta ficando cada vez mais difícil.
No Orkut e em outros sites de relacionamento, podemos conhecer centenas de pessoas e fazer novos amigos, mas também tudo pode ficar no virtual. Muitas pessoas dizem que sentem solidão, insegurança, medo do seu próprio semelhante. Outros acham ótimo se relacionar com um bichinho porque ele nunca questiona seu dono, concorda com tudo e, o mais importante, oferece um amor incondicional!
Li uma frase de uma mulher, em um artigo sobre esta questão, em que ela dizia: “Cachorro é o único amor que a gente compra”. Uau, a que ponto chegamos… Onde está aquele nosso amigo do peito, nosso parceiro (a), com quem podemos contar sempre, nossos pais, um irmão, nosso vizinho? Eles continuam lá e nós aqui, cada um em sua “casinha”, seguro e a salvo de “críticas e sugestões”.
PS: Se persistirem os sintomas, procure o seu médico.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)