O Brasil, terra de índios, colonizada pelos portugueses e tantos outros povos, possui centenas de histórias de conflitos e guerras pela posse das terras nas quais os índios aqui já habitavam.
Uma destas histórias está no interior de São Paulo, no município de Tupã, onde fica o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre, nome dado em homenagem à índia que foi a figura pacificadora entre índios e brancos na época da colonização local.
Com a construção da estrada de ferro Bauru – Mato Grosso, em 1912, os brancos avançaram nas terras que os índios já habitavam. Assim começou mais uma história de guerra e mortes. “Vanuíre pertencia à tribo Kaingang. Ela teve que tentar a pacificação, pois estavam exterminando uma nação guerreira”, afirma Tamimi David Rayes Borsatto, 67, gerente geral do museu, que é apaixonada pelo que faz e tem um imenso carinho e consciência da importância da preservação da cultura indígena local e brasileira.
De tanto entoar canções de paz – ela costumava subir em um tronco de jequitibá, onde permanecia o dia todo cantando – a índia pacificadora conseguiu salvar parte de sua tribo. Vanuíre faleceu logo depois, em 1918. Após o fato consumado, em 1929, é fundado o município de Tupã, nome de origem Tupi-Guarani, cujo significado é Deus.
O museu, fundado em 1966, reúne uma das mais importantes coleções etnográficas do país, com cerca de 38 mil peças que representam diferentes comunidades indígenas brasileiras, dos caiapós aos ianomâmis – incluindo os kaingangs e krenacs, povo que ainda hoje habita a região de Tupã, com exposições que incluem textos explicativos e recursos multimídia.
“Como nos relacionamos diretamente com os índios, eles trazem para nós informações e necessidades do dia a dia, além de possibilitar um contato com a realidade de seu dia a dia”, comenta Tamimi.
A equipe do museu trabalha para dar voz aos índios através de vários projetos, entre eles, o “Todo Dia é Dia de Índio”. São palestras mensais, nas quais os próprios índios vêm falar sobre seu cultura, seus trabalhos e suas experiências na tribo que habitam no município de Arco Irís, próximo à Tupã. “Assim podemos perceber o ‘olhar do índio’ sobre a sua realidade, e não somente o nosso”, enfatiza Tamimi.
Mesmo sem ter tido contato com algum índio da tribo Vanuíre, pude perceber que Tamimi e toda sua equipe, além de administrar e coordenar as atividades do museu, têm como uma de suas prioridades interagir com os índios restantes das tribos Krenak e Kaingang, tornando possíveis não só a preservação de sua história e cultura, mas também a vida e os direitos dessas duas pequeninas “nações” que ainda sobrevivem na região.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)