É Carnaval! E as Alas das Baianas estão prontas para sair na avenida. São, na maioria, formadas por mulheres de 30 a 80 anos… Sim, você leu certo. Há um bom tempo, o perfil das “baianas” vem se modificando em relação à faixa etária, apresentando mulheres com idades entre 60 e 75 anos com muita alegria e disposição para pular o Carnaval!
Um bom exemplo é o da Escola de Samba Tom Maior, em São Paulo, onde a coordenadora da Ala das Baianas, Maria Antonia Ribeiro Bianco, 48 (na foto nº 6, abaixo), realiza um bonito trabalho, organizando as “mocinhas” para os ensaios, além de providenciar-lhes todos os recursos necessários para o desfile.
Psicóloga de formação, Toninha (como é conhecida na quadra) começou a se preocupar com a Ala quase que por acaso, substituindo um colega durante um dos ensaios. “O que tira essas senhoras de casa e as faz ir para a escola de samba?”, indagou, na época. Ela percebeu, então, que elas queriam muito fazer novas amizades, aumentar a auto-estima, fazer atividades diferentes, dançar, cantar, se maquilar e fugir das preocupações e problemas de casa.
A Ala das Baianas da Tom Maior tem um contingente de 70 “baianas”, mulheres de diferentes credos e crenças, entre 35 e 74 anos, vindas de diferentes partes de São Paulo, do Campo Limpo ao Carrão. Algumas são donas-de-casa, mas muitas ainda trabalham fora.
Durante os ensaios, enfatizam-se ritmo, coordenação motora e musical, canto e aspectos técnicos como harmonia e evolução. Todas recebem a camiseta como uniforme para entrar na quadra, além de lanches e refrigerantes, servidos após cada ensaio, e auxílio-transporte para as que têm problema de condução.
“Trabalhar com essas senhoras é uma experiência muito gratificante. Acabo presenciando histórias de mulheres fortes que, com muita dedicação, conseguem realizar o que se propõem. Uma delas, abandonada pelo marido e com 3 filhos para cuidar, não perde um ensaio”, comenta.
Mas o trabalho de Toninha não se resume aos ensaios. Ela contrata coreógrafos para dar-lhes aulas de ritmo, oferece aulas de costura e artesanato, ensina o significado de palavras complicadas de algumas músicas – muitas têm dificuldade de leitura e algumas não sabem nem ler –, dá conselhos de higiene pessoal e ainda leva as ‘mocinhas’ a passeios em sítios, organiza viagens, bailes e saraus. “Eu me preocupo muito com o bem-estar e com a saúde mental e física de todas elas”, conclui.
Assista, acima, a um dos ensaios técnico da Ala das Baianas da Escola de Samba Tom Maior, em janeiro de 2010.
Abaixo, fotos da Ala e vídeo com o samba-enredo deste ano.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)