Morar só ou acompanhado? As respostas variam muito de pessoa para pessoa. Mas, se depender da parcela de brasileiros que integram a faixa etária da terceira idade, parece que eles preferem a primeira opção.
De acordo com dados do Censo, realizado pelo IBGE em 2011, são quase 3 milhões de idosos que moram sozinhos, o que representa 14% do total de brasileiros com mais de 60 anos. E o número vem crescendo a cada ano.
“Me sinto bem assim. Na minha casa eu mando na minha vida”, afirma Catarina Fló, 92, que mora sozinha há quatro anos, desde que seu marido morreu.
O Dr. Wilson Jacob, responsável pelo serviço de geriatria do Hospital das Clínicas, divide os idosos que vivem sozinhos em três tipos: o que é totalmente independente, o que tem funcionários para ajudá-lo e o que vive com a família, porém recebe menos apoio do que o necessário.
Cyonea Villas-Bôas (foto), 82, dirige, usa o computador, administra e faz serviço de casa, além de viajar muito. Seu marido morreu há 17 anos – eram casados há 47. “Nunca tive a intenção de colocar alguém no lugar. Senti a falta dele, que era uma pessoa fina, amorosa, mas soube preencher com outras coisas”, confessa. “Vivo maravilhosamente bem sozinha. Não fico só. Aonde vou, converso com todo mundo e acabo conhecendo mais gente do que se estivesse acompanhada. Caminho no parque do Povo com um grupo de idosos, frequento a biblioteca com senhoras, fazemos aulas de literatura, de dança e de ioga”, completa.
O advogado Eliassy Vasconcellos (foto), 90, mora sozinho há 20 anos e está satisfeito com o jeito que vive. “Quero levar a minha vida sossegado, dormir e acordar na hora em que quiser. Não dou trabalho para ninguém. Como só tenho 90 anos, garanto que estarei bem até o próximo fim de semana”, brinca. Suas atividades principais são ler, escrever, fazer marchetaria, participa de cursos de informática e continua atuando em sua profissão.
Animais de estimação são uma excelente companhia para quem mora sozinho, principalmente para pessoas mais velhas. “Animais são excelentes. Ajudam a fazer amigos, oferecem amor incondicional, incentivam a atividade física, dão afeto e razão para viver, fazem a pessoa rir”, afirma a gerontóloga Marília Berzins.
A professora de piano Maria Julia Moraes (foto), 78, mora apenas com sua “sheep dog”, Mel. “Ela é muito obediente. Às vezes, deita e joga os ‘cabelinhos’ para frente. Adora fazer dengo para a mamãe”, declara.
Jornalista pela Unimar (Universidade de Marília) e autora do livro ‘Vivendo’ (clique aqui para falar com a colunista)