Millôr Fernandes (foto) está na ativa e polivalente aos 82 anos. Depois de um pequeno susto (ele passou mal e, no hospital os médicos não acharam nada de errado), Millôr continua produzindo em suas múltiplas atividades, como a de desenhista e tradutor.
Acabou de traduzir para o português “Celestina”, uma peça ibérica de 1499, de Fernando de Rojas, admitindo muita dificuldade na tradução, mas afirma que a peça é muito interessante. Ele está, também, relançando cinco livros que reúnem alguns clássicos da sua coleção de trocadilhos, elucubrações e devaneios.
Ele detesta rótulos, como o de ser chamado de artista gráfico (“sou Millôr, pô”). Autodidata (aprendeu por esforço próprio, sem ajuda de mestres), disse existir dois tipos de tradução (segundo ele “isso não se ensina na escola”): a científica, em que se pode modificar o estilo, mas não o texto original, e a tradução de literatura, onde não há a preocupação com o texto original, se está bom em português, então está pronta.
Autor de pérolas da tradução, como a famosa “The Cow Went to the Swamp (“A Vaca foi para o Brejo”), é considerado o melhor tradutor das obras de Shakespeare e de Molière (Nelson Rodrigues dizia que “seu Molière era melhor que o original”).
Possuidor de mais de 300 livros de referência, ainda defende os alfarrábios (livros editados há muito tempo, e que tem valor por serem antigos), ele afirma que “livro não enguiça”, inclusive nos indica a passagem do tempo. É, também, autor de mais de 50 livros, 15 peças (incluindo a histórica “Liberdade, Liberdade”, em co-autoria com Flávio Rangel) e 120 traduções, que vão de Ibsen a Bertolt Brecht.
Já foi sondado por membros da Academia Brasileira de Letras, mas não ameaça se candidatar à instituição. “Acho tão ridículo aquela coisa. Não tem nenhum sentido para mim”, diz.
Entre suas tarefas cotidianas, além do site abastecido diariamente no UOL, ele se dedica aos prazeres da vida. Afirma ser o criador do frescobol, no Posto 4 em Copacabana, cultiva também outras obsessões, como Machado de Assis, mulheres, Academia Brasileira de Letras, literatura, humor, teatro e tradução.

Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)