Em 2007 comemora-se 100 anos do Frevo, símbolo do Carnaval de Pernambuco. Durante todos os dias do Carnaval, esse ritmo, que é típico do Recife, será exaltado por vários artistas e blocos carnavalescos.
Curiosamente, oitenta dos principais blocos criados na cidade de Olinda a partir de 1910, reverenciam vários animais. São peixes e crustáceos como bacalhau, siri ou guaiamu; mamíferos de grande porte como elefante, zebra e girafa; aves como pavão, papagaio, pato e até urubu.
Como explicar uma fauna tão diversificada? Segundo alguns pesquisadores, as agremiações (como equipes de futebol) já tinham em seu símbolo a figura de um animal e a maioria dos foliões acabava batizando seus blocos com o nome do animal símbolo. Outros estudiosos procuram explicações na origem da máscara (uma das marcas do carnaval), que primitivamente simbolizava animais.
Um exemplo disso, a agremiação “A Porca”, fundada em 1969 por um grupo de rapazes do bairro de Guadalupe, jogavam futebol num campo próximo a um pequeno córrego e, invariavelmente, terminavam as partidas completamente enlameados. Quando decidiram criar o bloco, não tiveram dúvidas quanto ao nome.
O “Elefante”, também ganhou seu nome em função de uma brincadeira. A agremiação foi criada em 1952, quando um grupo de olindenses saiu pelas ruas da cidade, num dia de carnaval, cantando e carregando um pequeno elefante de louça. No ano seguinte, formalizaram o bloco que ficou com nome do animal. Hoje ainda é um dos mais famosos de Olinda.
Apesar de ter tido uma existência de apenas 3 anos (1945/48), porém muito famoso em sua época, o bloco Camelo tem seu nome ligado diretamente ao simbolismo dos animais para as agremiações carnavalescas. Criado por dissidentes do Clube Vassourinhas, um dos mais antigos de Olinda (1912), o bloco tinha o camelo como símbolo.
Está aí um entre vários exemplos da diversidade regional e cultural do folclore do nosso grande Brasil.
Conheça os blocos mais representativos de Olinda que adquiriram nomes de bichos:
Os Pescadores: Bloco dos pescadores olindenses, criado na Praia dos Milagres, em 1914. Extinto em 1923.
Siri no Pau: Bloco criado em 1932, na Cidade Alta, encerrando suas atividades três anos depois.
Pavão de Ouro: Fundado, em 1934, no bairro do Farol, por dissidentes do Clube Lenhadores, mudou-se para a Ilha do Maruim em 1940.
Camelo: Criado em 1945, no Guadalupe, por dissidentes do Clube Vassourinhas. Foi extinto em 1948.
Bacalhau: Escola de samba criada em 1952, foi extinta três anos depois.
Elefante: Clube fundado em 1952, é hoje um dos mais famosos representantes do carnaval olindense.
Papagaio na Vara: Bloco criado em 1956, no bairro do Guadalupe, fez uma única apresentação.
Girafa de Olinda: Troça fundada por um funcionário dos Correios, em 1960, no Guadalupe. Foi extinta em 1965.
Timbu: Troça criada em 1960, no Jatobá, por integrantes de um clube de futebol existente na cidade, o Peñarol Futebol Clube de Olinda.
Urubu: Desde 1960, apresentava-se quarta-feira de cinzas entre os bairros de Salgadinho, Sítio Novo e Ilha do Maruim.
Cachorro do Farol: Bloco criado em 1963, na Rua Floriano Peixoto, no Farol.
Pato: Troça criada em 1965.
Bacalhau do Batata: Bloco criado, em 1965, pelo falecido garçom Isaías Ferreira da Silva (o “Batata”) e que ainda hoje arrasta uma multidão pela ladeiras de Olinda, durante sua apresentação na quarta-feira de cinzas.
A Porca: Troça criada, no Guadalupe, em 1969.
Pavão Misterioso: Troça criada na Av. Presidente Kennedy, em 1974.
A Burra: Agremiação criada em 1974, no bairro do Rosário.
Zebra: Criado em 1976, no bairro do Umuarama, inicialmente era um bloco infantil. Hoje, é um dos famosos representantes do carnaval olindense.
Siri na Lata: Bloco criado, em 1976, por um grupo de jornalistas, publicitários e intelectuais pernambucanos que, anos depois, fundariam o Caranguejo no Caçuá.
Cachorrão: Clube criado em 1977, a partir de uma dissidência do Hipoporca, no bairro do Varadouro.
Os Caçadores: Bloco criado em 1920, nos Quatro Cantos.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)