Dna. Manoelita Valinho Rodrigues (em destaque na foto), madrinha do Portal Terceira Idade, nasceu no interior de São Paulo. Senhora muito simpática e gentil, mãe de dois filhos, hoje viúva e aposentada, cozinha, costura, gosta de ir ao cinema, teatros, pratica Yoga, Tai-chi.
Até aí parece mais uma senhora calma e tranqüila que vive os dias curtindo seu tempo livre, mas, eis que conversando com ela, tive a chance de me surpreender, e muito, com a sua história de vida e com a sua capacidade doação no dia-a-dia.
Bem, o que mais me chamou atenção num primeiro momento foi saber que ela foi uma das primeiras mulheres a arbitrar futebol de salão em São Paulo e, talvez, no Brasil. Claro que minha primeira pergunta foi “Por que você optou por essa profissão? Ainda mais nos anos 70…”
Daí pra frente, começamos uma linda conversa que resultou nessa entrevista:
Portal Terceira Idade: Dna. Manoelita, como começou sua vida de árbitra?
Dna. Manoelita: Tudo começou porque eu gostava de acompanhar meus dois filhos nos jogos de futebol de salão. Eu tenho origem portuguesa e o clube do bairro onde eu morava “casualmente”se chamava Portuguesinha… era pequeno, mas a molecada jogava muito bem. Então eu me empolguei e comecei a treiná-los e a apitar os jogos.
Portal: E o seu marido não achou estranho?
Dna. Manoelita: Muito pelo contrário, ele me deu o maior apoio! E foi aí que, durante um dos vários jogos que eu estava apitando, um técnico da Federação de Futebol de Salão de São Paulo viu o meu trabalho e me convidou pra trabalhar como anotadora dos jogos da federação, pois naquela época, mulher não podia ser árbitra.
Portal: E você aceitou?
Dna. Manoelita: Resisti um pouco, mas ele acabou me convencendo. Em 1980 iniciei minha carreira com anotadora e cronometrista e olha no que deu… nunca mais abandonei a profissão e amo muito o que eu faço.
Portal: E nos dia de hoje, como é a situação da mulheres na arbitragem? Existe o preconceito?
Dna. Manoelita: Bem, infelizmente o preconceito existe em muitas situações e no Futsal não é diferente, mas nós mulheres já ganhamos um grande espaço na Federção de Futsal de São Paulo e do Brasil. Desde 1997, as mulheres já podem estudar para serem árbitras e, além disso, já existe um número enorme de times femininos e que jogam muito bem!
Portal: Eu soube que, além do Futsal, você participa de muitas atividades espotivas e sociais. De onde você tira tanta energia?
Dna. Manoelita: Eu costumo dizer que “Um coração alegre floresce todos os dias”, e o meu é assim, faço tudo com muito amor e alegria. Para ficar em forma, pratico Yoga, Tai-chi, adoro viajar, ir ao cinema, estar por dentro dos eventos culturais, mas também sinto que é importante usar meu tempo e a minha saúde e energia para ajudar as pessoas.
Portal: Como você faz isso, no seu dia-a-dia?
Dna. Manoelita: Nesse momento estou cuidando de um grupo de idosos que estão doentes e precisam de cuidados, remédios, marcação de consultas, e não tem ninguém que faça isso por eles.
Portal: Mas você tem apoio de alguma entidade beneficiente?
Dna. Manoelita: Bem que eu gostaria, mas não tenho, faço tudo sozinha. Vou de ônibus, ando a pé, busco remédios nos hospitais públicos, marco consultas para eles e, claro, dedico meu coração e meu amor.
Portal: Você surpreende a todos a cada minuto da nossa conversa! Mas eu soube que tem mais coisas boas que você faz….
Dna. Manoelita: Outro trabalho que eu amo é treinar técnicos para ensinarem deficientes visuais a jogarem Futsal. É incrível a sensibilidade aguçada que eles tem e, como jogam tão bem quanto qualquer um, o importante é não ter preconceito e, sim, humildade para nos adaptarmos às condições de cada ser humano
Portal: Pra que time você torce?
Dna. Manoelita: Adoro todos os times, mas com certeza torço para a Portuguesa!
Bem, aprendi muito com a postura e as palavras de Dna. Manoelita. Antes de nos despedirmos, casualmente lhe perguntei: “Você mora com seus filhos?”. Ela me respondeu: “Eles é que moram comigo!”.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)