Nascida em São Paulo em 15 de janeiro de 1915, Maria Emma Hulda Lenk Zigler (foto) aprendeu a nadar aos 10 anos com o pai Paul, ex-ginasta alemão, para se recuperar de pneumonia nos dois pulmões. Por causa do tratamento, começou uma história de pioneirismo no esporte sul-americano feminino que terminou no dia 16 de abril de 2007, e no local onde não conseguia ficar sem ir, a piscina.
Aos 17 anos, Lenk foi a primeira mulher sul-americana a disputar a Olimpíada, em Los Angeles (EUA) em 1932. Com um maiô de lã emprestado, ela competiu nos 100 metros livres, 100 metros costas e 200 metros peito (estilo que a levou as semi-finais olímpicas).
Em 1936, nos Jogos de Berlim (Alemanha), ao competir no estilo peito, Lenk apresentou uma inovadora braçada fora da água, que, naquela época, até então era só adotada por homens, ajudando, assim, a difundir o nado borboleta, oficializado nas Olimpíadas de Melbourne em 1956.
Em 1939 ela quebrou dois recordes mundiais, no Rio: 200 metros peito (2min56s90) e 400 metros peito (6min15s80) em sua preparação para os Jogos de Tóquio em 1940, que foram cancelados por causa da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o que foi uma grande decepção Maria Lenk.
Em 1943, Maria Lenk organizou no Rio a primeira mostra de balé aquático, que originou, mais tarde, a prática do nado sincronizado no Brasil. Após aposentar-se como professora, retomou a carreira de nadadora como master.
Em 1988, ela foi homenageada pela entidade FINA (Federação Internacional de Natação) com o “Top Ten”, por ser uma das dez melhores atletas masters. Com esta homenagem, Maria Lenk entra para o hall da fama da FINA, sendo a única nadadora da América do Sul que consta na lista. Como não bastasse, disputou o Mundial em 2000 na categoria entre 85 e 90 anos: 100 metros peito, 200 metros livre, 200 metros costas, 200 metros medley e 400 metros livre, ganhando cinco medalhas de ouro.
O Comitê Olímpico Brasileiro homenageou Lenk em 2004, com a entrega do Troféu Adhemar Ferreira da Silva, um dos momentos marcantes do Prêmio Brasil Olímpico. Continuando a bater recordes, no final de 2005 bate três recordes mundiais do nado de peito: o dos 50 metros (1m25s91), o dos 100 metros (3m12s88) e o dos 200 metros (6m57s76).
No dia 12 de fevereiro deste ano, em sua última homenagem recebida em vida, Maria deu seu nome para o novo Parque Aquático no autódromo do Rio de Janeiro, que irá receber as provas de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais nos Jogos Pan-Americanos.
Lenk superou pneumonia, preconceitos e dificuldades financeiras para conseguir seus objetivos. Ela foi e continuará sendo exemplo para todos, além de deixar a eterna lembrança de que todos nós podemos superar dificuldades em qualquer época de nossas vidas.
Parabéns, Maria Lenk!
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)