Foi no final do século 20 que estudos ganharam força para avaliar a ligação entre religiosidade e saúde, surgindo nessa época a neuroteologia, campo que estuda o processamento das emoções relacionadas à religião e à espiritualidade no cérebro.
Pesquisa recente realizada com 2000 médicos de diferentes especialidades nos Estados Unidos constatou que 56% dos profissionais entrevistados disseram acreditar que a religião e a espiritualidade têm uma influência significativa na saúde dos pacientes.
Segundo o autor do estudo, Farr Curlin, professor de medicina da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mesmo sendo grande o número de profissionais americanos que acreditam nesta influência, eles continuam a aplicar as últimas descobertas da ciência na sua prática.
No Brasil, o neurocirurgião Raul Marino Jr., da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), lançou em 2005 o livro “A Religião do Cérebro”. Ele entende e defende que, se o cérebro é incumbido de processar emoções, aprendizados, noções de moralidade e afetividade, entre outras funções, é também responsável por validar a espiritualidade.
Contrário à linha de Marino, Paulo Dalgalarrondo, neuropsiquiatra, disse: “A ciência não dá conta de todos os fenômenos, como o religioso, por exemplo. A idéia de que a ciência um dia vai explicar tudo é caricatural e também há o receio de que pessoas religiosas aceitem a vida de forma passiva, acreditando que uma força maior possa resolver todos os problemas, ignorando, assim, qualquer tratamento médico”.
A bióloga Elisa Harumi Kozasa, do departamento de psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), única latina a participar de uma conferência do Mind and Life Research Institute (Instituto de Pesquisas Mente e Corpo) no mês passado, disse: “A meditação é um caminho que serve como alimento para o espírito e oferece uma fonte bastante nutritiva para aprendermos mais sobre nós mesmos, independentemente da presença de religiosidade, atingindo, assim, níveis mais profundos”.
Carlos Eduardo Tosta, pesquisador do Laboratório de Imunologia da UNB (Universidade de Brasília), afirma que, apesar dos resultados da pesquisa, a explicação para o fenômeno está longe de ser alcançada. “Quando testamos medicamentos novos, é possível quantificar os dados, mas a qualidade da prece é imensurável”.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)