Jan Grzebski (foto), 65, acordou em país bastante diferente daquele em que vivia em 1988, e acha o mundo hoje “muito mais bonito” do que aquele sob o comunismo. Grzebski, ferroviário de Dzialdowo, cidade ao norte da Polônia, entrou em coma em 1988, após ferir a cabeça em um acidente de trabalho.
Ele não viu em 1989 o sindicalista Lech Walesa chegar ao poder em seu país nem viu cair o Muro de Berlim, tampouco assistiu ao colapso soviético em 1991. No mundo em que Grzebski entrou em coma, a União Européia era ainda um projeto, e nem imaginava a adesão da Polônia ao bloco, que ocorreria em 2004.
Gertruda, sua esposa, disse que Grzebski não se mexeu nem falou nada durante os últimos 19 anos. Com o marido desenganado pelos médicos após desenvolver câncer no cérebro, ainda sob o coma, ela o levou para casa e, por todo esse tempo, alimentou-o e movimentou-o.
Os primeiros sinais de melhora vieram em outubro de 2006, quando uma pneumonia levou Grzebski de volta ao hospital. Gertruda afirmou que ele começou a se mexer, e sua fala começou a se tornar mais clara, embora somente ela conseguisse entendê-lo. Segundo Gertruda, graças à reabilitação intensiva que foi realizada com seu médico Wojciech Pstragowsk, o quadro melhorou bastante.
Gertruda diz que o marido se lembra de tudo que acontecia a sua volta nestes 19 anos, incluindo o casamento dos quatro filhos, e o quanto está fascinado em ver tantas cores e mercadorias nas ruas, pois, quando entrou em coma, ele se lembra apenas de prateleiras cheias de mostarda e vinagre.
Grzebski acorda às 7 da manhã, assiste TV e passa o dia na cadeira de rodas, mas Pstragowski acredita que Grzebski deve voltar a andar em breve se mantiver o ritmo em que vem se recuperando. “Essa é minha grande recompensa por tanto amor e fé”, diz Gertruda, emocionada.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)