Elisa de Castro Tito (foto), 90 anos, mineira, pedagoga, é aluna de direito da Faculdade Arnaldo Janssen, no centro de Belo Horizonte (MG).
Quando se aposentou em 1989, Elisa passou a investir seu tempo e seu dinheiro em viagens pela Europa e pelo EUA, na companhia da irmã, dois anos mais nova. Seu marido não gostava de viajar. Sem preparação específica para o vestibular, ela atribuiu seus conhecimentos às suas viagens e, também, às leituras e às conversas com a família, que, segundo ela, a ajudaram a passar no concurso no final do ano.
Hoje Elisa é ícone na instituição de ensino, por onde já passaram nomes como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Ivo Pitanguy.
“Troquei minhas noites regadas a novelas pelas aulas, pois cansei de ver violência e sexo na TV. Quero usar meu tempo para coisas mais úteis”, afirma a “caloura”, que tem nove filhos, 22 netos e três bisnetos.
Ganhou a admiração de seus colegas de classe, como diz, por exemplo, Claudia Nery, 45 anos: “Trabalho duro o dia todo, chego aqui bem cansada, mas quando olho para a dona Elisa, penso comigo: Não posso desanimar. Se ela, que tem o dobro da minha idade, está aqui disposta a aprender, eu também posso”, afirma.
Lucas Mayrink, 19 anos, caçula da sala, piercing na orelha e rabo-de-cavalo no cabelo, afirma que aprende muito com Elisa: “Ela é muito culta e simpática com todo mundo”.
Aliás, para Elisa não existe pergunta sem resposta. Ela tem sempre uma opinião na ponta da língua: “Eleições presidenciais nos EUA? Acho o (Barack) Obama muito jovem e a Hillary teleguiada pelo Bill Clinton. Mas também não gosto muito do candidato do Bush (referindo-se ao republicano John McCain)… Uso dos cartões corporativos? Uma pouca vergonha, um disparate que deveria ser punido. Gente, comprar mesa de bilhar é muita cara-de-pau, né?”, enfatiza.
Para ter essa vitalidade aos 90 anos, Elisa esclarece: “Não ví o tempo passar, não guardo raiva ou mágoa das pessoas”. E a conseqüência é que não tomo nenhum remédio de uso contínuo, a minha pressão é ótima, as taxas de colesterol e de glicemia também. Como de tudo, mas sem exagero e gosto de saborear um vinho suave de vez em quando.”
Viúva há dez anos, se surpreende com os procedimentos estéticos aos quais as mulheres de meia-idade se submetem hoje em dia: “Colocam botox, preenchimento, fio de ouro. Fica aquele rosto repuxado e o pescoço todo enrugado. É muito feio”, opina.
Mesmo com a insistência da neta para passar cremes anti-rugas, ela sempre esquece. E também não liga para comprar roupas: ”Tenho vestidos de 30 anos atrás que ainda estão na moda”, afirmou Elisa.
Planos para o futuro: “Se o Juiz Supremo não bater o martelo antes, vou ser estagiária no escritório de advocacia do meu filho e do meu neto. Tenho muita vivência, e isso pode ajudar na condução dos casos. Também quero fazer um curso de informática e saber navegar na internet”.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)
1 Comentário
Foi uma ótima visita, gostei muito, voltarei assim que
puder..!