Quem não se lembra dos bons tempos das músicas de Francisco Petrônio? Nos anos 1960, o cantor e apresentador do programa “Cantando com Petrônio”, na TV Paulista, gravou mais de 50 discos. Seu maior sucesso foi a música “Baile da saudade”, gravada em 1964.
Com o apelido de “a voz de veludo do Brasil”, que recebeu de Airton Rodrigues, apresentador do programa “Almoço com as Estrelas” (da extinta TV Tupi), Petrônio tornou-se uma espécie de rei dos bailes. Ele faleceu em 19 de janeiro de 2007, aos 83 anos, mas os “bailes da saudade” continuaram, e com muita vitalidade, até os dias de hoje.
A estréia do filme “Chega de Saudade”, segundo filme da diretora Laís Bodanzky, na 6ª feira, 21/03, reacende a memória dessa época de ouro, mostrando que esses bailes promovem um encontro de gerações, além de confirmar que, o que os mais velhos fazem há muito tempo, os jovens estão descobrindo agora: o sabor de dançar de rostinho colado.
Segundo Laís, o impulso que a levou a fazer “Chega de Saudade” foi seu prazer pessoal pela dança e pela música. Frequentando os salões de baile em São Paulo, descobriu algo além da dança: a história daqueles frequentadores e como o ambiente tinha uma pulsação única de vida e de alegria.
“São pessoas de universos distintos, mas que têm todas em comum a vontade de sair de casa, de correr riscos, o risco da busca de felicidade e do prazer, ao mesmo tempo enfrentando os seus dramas pessoais e cotidianos. Elas fazem essa busca de uma maneira muito agradável. É um aprendizado de vida”, afirma Laís.
Mas um detalhe encantou Laís mais do que os demais. A diretora percebeu, durante suas pesquisas para a realização do filme, que, além da música e da dança, a sensualidade regia aquele universo e, mesmo as mulheres mais gordinhas e os homens carecas, por exemplo, emanavam uma indiscutível elegância corporal. “Tudo isso entrava em contradição com a minha ideia do que era envelhecer; a ideia que a sociedade nos impõe de que, a partir de certa idade, não podemos mais nos apaixonar, amar e viver intensamente. Os salões de baile restituem às pessoas esse passaporte, a possibilidade do encontro, do dançar de corpo colado”, destaca.
Em São Paulo ainda há muitos lugares para dançar “à moda antiga”. Da Lapa (zona oeste) ao Tatuapé (zona leste), passando pelo centro e pelos Jardins, São Paulo abriga pelo menos 40 bailes por semana, de segunda a domingo.
Quem frequenta bailes há muito tempo com certeza já dançou muito no famoso Clube Piratininga, na alameda Barros, quase esquina com a avenida Angélica (região central de São Paulo). O clube lembra lembra muito aqueles salões de interior que, ao som de bolero, chachachá e samba de gafieira, embalam, em média, 800 pessoas, com idades que variam de 15 a 90 anos.
O baile “Espanta Preguiça”, da Sociedade Beneficente União Fraterna, na Rua Guaicurus (bairro da Lapa, em São Paulo), oferece uma pista de dança que, em plena segunda-feira, consegue atrair mais de 400 pessoas no tradicional baile “Espanta Preguiça”. O clube serviu de cenário para o novo filme de Laís Bodanzky, no qual o enredo gira em torno dos habitués de um antigo salão.
O filme, com Tonia Carrero, Fernando Villar, Betty Faria e Cássia Kiss, dá ao espectador a possibilidade de passar uma noite em um salão de baile e nos faz reviver aqueles momentos tão doces dos bailes de outrora.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)
1 Comentário
Até que fim achei o que estava procurando. Artigo bem
completo sobre o assunto. Obrigado pela informação.
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