Quem não se lembra do filme “Horizonte Perdido” (musical de 1973, com Peter Finch e Liv Ullmann), que conta a estória de um avião que cai nas montanhas do Himalaia e os sobreviventes são salvos pelos habitantes de uma aldeia chamada Shangri-La, que, misteriosamente, nunca envelhecem?
Se Shangri-La existisse na vida real, estaria em Vilcabamba, um povoado com cerca de 4.000 habitantes no interior do Equador (650 km ao sul da capital, Quito). Seus habitantes vivem, em média, até os 120 anos e, com idade avançada, lêem sem óculos, conservam os dentes originais, a maioria trabalha, tem vida sexual ativa e seus cabelos ficam brancos, mas voltam à cor natural sem explicação.
Num mundo onde se acredita que o aumento da expectativa de vida está relacionado com a melhoria da qualidade de vida, dos serviços de saúde pública e do saneamento básico, Vilcabamba é uma contradição. Apesar de viverem 120 anos e de não ficarem doentes, a conduta de seu povo está distante de ser regrada e a preocupação com a saúde passa longe.
As condições sanitárias do local são um desastre. Na maioria das casas, não há esgoto nem água encanada. Seus habitantes fumam, bebem álcool, comem muito sal, tomam muito café e usam drogas. E são um dos povos com maior proporção de pessoas centenárias no mundo, cerca de dez vezes mais do que a média.
Don José Medina (foto), morador de Vilcabamba, parou de beber aos 106. De vez em quando, ainda toma “um puro” (aguardente), mas não mais de um por dia. Fuma, mas muito menos do que quando “era jovem”, ali pelos 70 anos. Aos 112, ainda não conseguiu largar o chamico, cigarro feito com uma erva alucinógena.
São várias as teorias que tentam explicar a longevidade saudável dos habitantes de Vilcabamba. Cientistas americanos afirmaram que era a composição da água que bebem. Franceses atribuíram o fato ao clima da região. Outros dizem que é o ar, a alimentação saudável à base de milho, batata, vegetais e pouca carne ou a vida tranqüila.
Há também algumas teorias pseudocientíficas que vinculam os efeitos benéficos de Vilcabamba à eletricidade no ar ou à possível presença de óvnis e extraterrestres. Nenhuma explicação foi comprovada até hoje.
Outro fato curioso é que, em Vilcabamba, as pessoas não sofrem durante anos com doenças. Um dia, sentem-se mal e morrem.
Bom, para nós, simples mortais que não moramos em Vilcabamba (e nem em Shangri-La), resta-nos aguardar que algum cientista descubra a fórmula da fonte da juventude deste povoado equatoriano. Enquanto isso não acontece, o melhor conselho para a longevidade ainda continua sendo o que você conhece bem: coma alimentos saudáveis, faça exercícios, caminhadas e alongamentos regularmente, evite o cigarro e o álcool e mantenha-se sempre ativo.
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)