Ir a um pronto-socorro quando se tem uma emergência médica é uma experiência pela qual a maioria das pessoas não gosta de passar, seja pela necessidade que as fez ir ao hospital –uma dor, um acidente, ou alguma outra urgência de saúde–, seja pelo ambiente em si, geralmente confuso e barulhento. Essa mesma experiência, para pessoas idosas, pode vir a tornar-se um pesadelo.
Nos Estados Unidos, hospitais começam a investir no bem-estar do idoso, criando instalações de atendimento emergencial só para idosos, sem tanta confusão e tanto barulho, e com mais conforto.
David John, chefe da divisão de medicina geriátrica do American College of Emergency Physicians, crê que idosos não são só “adultos enrugados”. “Eles têm necessidades totalmente diferentes. Prontos-socorros comuns são bem equipados para lidar com ferimentos de bala ou acidentes de carro, mas não para o necessário e demorado trabalho de diagnosticar as doenças dos mais velhos”, diz.
Segundo o médico, esses pacientes podem nem ter os mesmo sintomas dos mais jovens. Eles apresentam menos dores no peito quando sofrem infarto. Em vez disso, por exemplo, reclamam de sintomas vagos, como tontura e náusea. Infecções urinárias às vezes causam confusão suficiente para serem confundidas com demência.
Há dois anos, o Centro Médico St. Joseph, em Nova Jersey, abriu um pronto-socorro para idosos com 14 leitos, e planeja abrir um maior ainda neste ano. “Mais de dez unidades do tipo foram abertas no país desde 2008”, enfatiza Mark Rosenberg, chefe de emergência do hospital.
Nesse novo modelo de pronto-socorro, portas separam as camas em vez de cortinas, abafando o barulho que possa piorar a ansiedade, e dificultar a comunicação. Enfermeiras carregam amplificadores no bolso, para que não seja preciso gritar se a pessoa tem problema auditivo. Os colchões são mais grossos, e pacientes que não precisam ficar deitados podem usar cadeiras reclinadas macias. O piso antiderrapante evita quedas, e os formulários são impressos em letras grandes.
Mas não são somente as instalações que fazem a diferença. O fator humano é fundamental no trato com esse público. Assim como há profissionais especializados para lidar com crianças, também o idoso requer enfermeiros e geriatras treinados para situações como quando um paciente mais idoso demonstrar impaciência, irritabilidade ou mau-humor, por exemplo.
No Brasil, ainda vemos muitos enfermeiros que tratam idosos esperando deles a mesma reação que esperariam de um paciente na faixa etária adulta.

Coordenadora da Campanha “Seja um Cuidador Voluntário” do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)