O que aconteceria se a floresta amazônica deixasse de existir? Para entendermos melhor o que a floresta amazônica representa para o planeta e como ela se comporta, acredito ser uma boa ideia compará-la, independentemente de seu porte, a uma represa.
O volume de água retida numa represa, seja ela natural ou criada por mãos humanas, se assemelha muito ao volume da biomassa armazenada na floresta.
Só para lembrar, a biomassa é constituída basicamente de carbono, água, sais diversos e traços metálicos. O componente que mais preocupa, e principal componente da biomassa, é o carbono, gerador do gás carbônico causador do efeito estufa, um dos principais vilões do atual aquecimento global.
Imagine a represa começando lentamente a encher, dependendo do índice pluviométrico (das chuvas) da bacia ou do volume de água do rio que a alimenta. Quando o volume de água atinge a altura máxima capaz de ser suportada pelo paredão da represa, a água começa a verter, ou seja, a escapar lentamente, voltando ao seu curso normal.
Quando a biomassa da floresta está se desenvolvendo, ela vai fixando lentamente o carbono na estrutura verde, utilizando para isso a luz, o calor solar e a água, processo que conhecemos como fotossíntese.
Durante a fotossíntese, para cada 12 toneladas de carbono fixadas na biomassa pela floresta, ela libera 32 toneladas de oxigênio para atmosfera e tira do meio ambiente 44 toneladas de gás carbônico.
Como a represa, a biomassa na floresta vai se acumulando, crescendo, agregando carbono ao vegetal, até atingir um equilíbrio, neste intercambio, com o meio ambiente. Ela continua precisando do carbono na sua estrutura, que precisa ser renovada, mas elimina também carbono através de seus galhos e folhas secas que caem e se decompõem, permitindo que o gás carbônico siga o seu curso natural, de retorno a atmosfera.
As represas e as florestas funcionam como reguladores de fluxo. A represa retém e regula o fluxo da água e a floresta faz o mesmo, regulando o fluxo do gás carbônico.
Imaginemos que, por qualquer motivo, a represa se rompa e libere toda água retida de uma só vez. A catástrofe seria inevitável.
De forma idêntica, imaginemos que acidentalmente, uma floresta do tipo da Amazônica deixasse de existir. Toda a biomassa se transformaria em gás carbônico e as conseqüências seriam imprevisíveis, podendo levar a extinção da vida animal do planeta, tal a quantidade de gás carbônico (carbono) liberada.
A atmosfera já se encontra saturada e o gás carbônico liberado não teria para onde fluir, formando como que um “alagamento”, matando por asfixia tudo em volta.
Vamos torcer para que esta coluna seja somente um cenário de ficção e que nossos filhos e netos possam ter o oxigênio necessário para respirar no futuro.
Totus Tuus, Maria
Engenheiro Químico e Especialista em Gestão de Tecnologia Ambiental (o colunista faleceu em 2012) (mensagens enviadas a este colunista serão respondidas pela Redação do Portal Terceira Idade)