O que aconteceu na Região Serrana do Rio de Janeiro, de certa forma, já era previsível desde que o homem começou explorar o combustível fóssil e pode-se afirmar que a situação irá piorar a cada ano que passa, com as tragédias repetindo-se cada vez com maior intensidade.
Vamos iniciar, fazendo uma analise rápida da estrutura geológica da área (bem como do “estoque de desculpas” utilizadas para explicar os acontecimentos):
A região é montanhosa, com rochas íngremes aflorando em solo recente, na maioria com pouca espessura. Observe-se que a expressão ‘recente’ é bastante relativa em termos geológicos. Trata-se de uma camada de solo com formação recente, mas que ali estava fixado e perenizado sobre a rocha há dezenas ou mesmo centenas de anos sem que os deslizamentos acontecessem.
A alegação de que a culpa é dos próprios moradores que construíram em áreas de risco é inconsistente. Os deslocamentos do solo aconteceram em áreas habitadas e desabitadas. Não foi só por causa da ação do homem que o desastre aconteceu. O solo se soltou das rochas, ladeira abaixo, arrastando tudo que encontrava pela frente. A catástrofe foi generalizada, ocorrendo em áreas povoadas e desertas. Toda a região sofreu por causa das chuvas em excesso.
A atmosfera está com excesso de umidade e de calor, mistura explosiva para o meio ambiente. Temos o péssimo hábito de tentar remediar os efeitos dos “chamados” desastres naturais, sem buscar suas causas e origens.
Nossos pesquisadores ignoram o fenômeno da ‘água de combustão’. Essa água é produzida quando utilizamos combustível fóssil para gerar energia. Ela se mistura à água produzida pelo degelo das geleiras devido ao aquecimento global, aumentando o nível das águas dos mares e dos oceanos.
O mundo joga na atmosfera cinquenta metros cúbicos de água de combustão por segundo. A sociedade queima mil barris de petróleo por segundo, jogando na atmosfera setecentas toneladas de gás carbônico no ar. O gás carbônico é um acumulador natural de calor no ar por ser isolante térmico.
Este é o somatório de causas das catástrofes ditas “naturais” por nós. Enquanto não forem atacadas as causas dos desastres naturais, que se tornam cada vez mais intensos e catastróficos a cada ano, teremos que conviver com as tragédias como a da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.
A repetição dessas tragédias acabará fazendo com que se tornem vulgares, repetitivas e corriqueiras, e passarão a ser vistas pela sociedade como “inevitáveis”!
Totus Tuus, Maria
Engenheiro Químico e Especialista em Gestão de Tecnologia Ambiental (o colunista faleceu em 2012) (mensagens enviadas a este colunista serão respondidas pela Redação do Portal Terceira Idade)