Estreio minha coluna com a humildade de dizer aos amigos do Portal que sou apenas um Connoisseur, que apesar de significar conhecedor, perito ou expert, me defino mesmo apenas como um curioso, que tenta reproduzir em casa o sabor, aroma e o prazer de uma boa cafeteria.
Desde que comecei minha incursão pelo complexo e cativante mundo do café – ou ouro negro, como também é chamado – tive, como muitos já tiveram, a vontade de poder apreciar em casa as delícias de uma cafeteria a qualquer hora do dia ou da noite.
Isso pode demandar um investimento razoável quando se pretende mergulhar de cabeça e possuir os equipamentos “top de linha”. Mas o que vale mesmo é a preparação, o ritual, ou seja, o envolvimento em todas as etapas do processo.
Se é do seu interesse ter uma cafeteria em casa, ou um ‘cantinho do café’, comece observando, em uma cafeteria, o preparo de um espresso* pela pessoa que o servirá, que nem sempre é um barista**, porém não se limite apenas a pedir e aguardar.
Observe a escolha das xícaras já aquecidas, do porta filtro ainda encaixado para manter a temperatura, a retirada da cápsula que se formou do último espresso extraído com um único golpe no bate-borra, a moagem na hora e sua exata proporção para 1, 2 ou 3 shots (doses), a última borrifada de água quente para eliminar a pressão em excesso, a compactação do pó no porta filtro que volta novamente para o grupo e, por fim, o momento tão esperado, o ruído ou melhor o rugido da máquina de espresso empurrando a água aquecida em caldeira de latão a 9, 10 ou até 15 BAR de pressão por entre os finíssimos grânulos de café que, se moídos e compactados da forma correta, darão vida a um líquido dourado, cremoso e aromático que satisfaz a todos os sentidos.
Não é novidade que as melhores máquinas de espresso são italianas. E dizem os italianos que, para se obter um espresso perfeito, deve-se focar nos 4 “M”s do espresso, que são: Miscela (blend do café, a mescla de grãos), Macinazione (moagem do grão), Macchina (máquina) e Mano (mão do barista).
Apesar de depender de equipamentos, o café depende muito da sensibilidade do barista. “Todo esse ritual pode ser reproduzido na cozinha da minha casa?” Sim, é possível. Com muita paciência, dedicação e experimentação, é gratificante!
Como prova disso, relato um acontecimento com um amigo que, com um singelo gesto, resumiu o resultado desse esforço. Lembro-me muito bem quando me ligou de dentro de um shopping e, já sentado na mesa de uma cafeteria, perguntou:
Amigo: – Você está em casa?
Eu: – Sim, estou.
Amigo: – Posso ir aí tomar o seu espresso?
Eu: – Sim!!!
Amigo: – Estou indo!!!
*Espresso (do autor): A grafia correta para o uso associado à palavra “café” é com “s”, e não com “x”. “Espresso”, em italiano, significa “sob pressão”. Já em português, o termo “expresso” significa rapidez.
**Barista (do Dicionário Aulete): Pessoa que se especializou no preparo do café e de bebidas à base de café, e que conhece profundamente os processos que envolvem o plantio, a colheita, a torrefação e a comercialização dos melhores grãos. Do italiano ‘baristi’: funcionários que preparam e servem o café espresso.
Estudioso do café e autor do blog Coffee Lovers (clique aqui para falar com o colunista)