Hollywood é, desde sempre, sedenta por cinebiografias, uma tendência que vem pegando no Brasil já há algum tempo. Para se ter uma ideia, em 2014 tivemos filmes sobre a vida de Irmã Dulce, Getúlio Vargas, Tim Maia, Paulo Coelho e tantos outros.
Em Hollywood, a moda é mais antiga e só nessa edição do Oscar temos quatro cinebiografias dentre os concorrentes a melhor filme: O Sniper Americano, sobre o maior atirador de elite da história do exército americano; O jogo da Imitação, que retrata a vida do físico homossexual Alan Turing em tempos de Segunda Guerra Mundial; Selma – uma luta pela igualdade, que acompanha a jornada heroica de Martin Luther King; e o não menos importante Teoria de Tudo, sobre a vida do astrofísico Stephen Hawking, tema desta resenha.
Quando podíamos pedalar
Para colocar tudo em termos práticos, Teoria de Tudo retrata uma história de amor, ou talvez, mais do que isso, uma narrativa sobre esforço e dedicação, pois, como Stephen Hawking afirma no clímax do filme, “enquanto houver vida, há esperança”.
Assim, já de início – e é bom pontuar que estamos na década de sessenta – somos levados ao relacionamento do jovem Hawking (Eddie Redmayne), então doutorando em Cambridge, com a estudante de letras Jane Wide (Felicity Jones).
Somente com essa premissa, a câmera do diretor James Marsh pode se sentir a vontade para transitar entre ponderações acadêmicas sobre buracos negros e listas de exercícios em contraponto com danças ao ar livre, ao mesmo tempo em que indícios de sua rara doença degenerativa tomam forma em tombos descompromissados e na gradual perda de movimentos.
Hawking procura um médico, e este lhe dá apenas dois anos de vida – o cosmólogo, hoje com mais de 70 anos, e o mundo da física agradecem por esse erro da ciência.
A cadeira de rodas
Jane e Stephen se casam e a estudante de letras interrompe os estudos, enquanto a cama, colocada em um quarto no andar de cima, é passada para um de menor tamanho atrás da escada. Na defesa de doutorado de Hawking, o som dos elogios “sensacional” e “brilhante” se misturam ao ranger de um par de muletas no assoalho e, assim, a cada gesto roubado pelo passado, a atuação corporal de Eddie Redmayn encrava o personagem, atrofiando-o, até que este se acomode perfeitamente na cadeira de rodas que acompanha o cientista há tantas décadas.
Teoria de Tudo, que se desloca por mais de três décadas da vida de Jane e Stephen, é uma história de amor bem trabalhada que não ofusca, com o brilhantismo do cientista, os anos de dedicação de sua esposa.
Curiosidade
Hawking e Jane Wide tiveram três filhos. O astrofísico é considerado um dos cientistas mais brilhantes da atualidade e seu livro Uma Breve História do Tempo já vendeu mais de 10 milhões de cópias.
Serviço:
“Teoria de Tudo”, Reino Unido /2013, 123 min, Cor
Título original: “Theory of Everything”
Gênero: Drama
Direção: James Marsh
Elenco: Eddie Redmayne ,Felicity Jones, Charlie Cox e Harry Lloyd
Distribuição: Universal Pictures
Classificação etária: 10 anos
Em cartaz nos cinemas
Graduado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (clique aqui para falar com o colunista)