Muitas vezes nos sentimos desanimados, cansados e entediados… O que nos dava prazer tempos atrás agora já não nos motiva. Da mesma forma, perdemos o interesse nas tarefas cotidianas e até mesmo nas pessoas que antes eram muito importantes nas nossas vidas. Em outros momentos, podemos sentir dores e mal estar e, às vezes, ansiedade, algo que nem sabemos bem o que é, mas nos deixa perturbados e angustiados. Pode parecer que a vida é percebida através de uma cortina cinzenta, nada tem graça, nada é importante, ninguém pode ajudar.
Para a terapeuta de família e arteterapeuta Eliana Cecilia Ciasca (foto), esses sintomas podem ser sinais da depressão.
“No caso de pessoas mais velhas, a tristeza nem sempre é o sintoma principal, portanto é necessário estarmos atentos para esses sentimentos – nem sempre muito claros –, mas que podem significar sintomas de depressão, uma das doenças que mais atinge a população em geral e entre os problemas de saúde pública o que mais causa incapacidade”, afirma a terapeuta.
A depressão afeta 50 milhões de pessoas aproximadamente em todo o mundo. No Brasil, a depressão maior atinge de 4% a 10% da população. O risco de desenvolver depressão durante a vida é de 7% a 12% para homens e 20% a 25% para mulheres, independente de raça, educação, estado civil ou renda. Entre os idosos, aproximadamente, 40% sofrem de depressão.
Lidando com os problemas diários
Segundo Eliana, as consequências da depressão são diversas: incapacidade para lidar com as questões de vida diária, raciocínio mais lento, falta de iniciativa, esquecimento e desatenção, perda ou aumento do apetite, dificuldade com o sono, dificuldade para enfrentar novos desafios e para se engajar em atividades prazerosas.
“A forma como as pessoas lidam com os problemas pode contribuir para o surgimento da depressão, sejam eles decorrentes do luto, perdas afetivas, de status, financeiras ou ainda a solidão, as doenças, as incapacidades físicas ou estresses”, enfatiza.
Uma das questões que atingem os idosos e pode ser uma das causas da depressão é a solidão. A solidão se refere a uma experiência subjetiva sentida como angustiante e percebida como uma insuficiência nas relações humanas. Ela está associada à pior qualidade de vida, maior frequência na busca por serviços de saúde e assistência social, percepção subjetiva de saúde precária, maior probabilidade de declínio cognitivo, grande risco para depressão e demências e aumento da mortalidade.
“Se a pessoa cultiva atitudes e sentimentos negativos perante a vida, pode ser envolvida em um círculo vicioso, no qual a postura negativa leva aos eventos negativos e estes retornam como sentimentos negativos”, complementa Eliana.
Arte como terapia
Nesse contexto, é interessante propiciar às pessoas com depressão uma forma de tratamento, além do medicamentoso, que lhes propicie autoconhecimento e autopercepção, mas também lhes traga prazer e melhora da autoestima. A arte pode ser grande aliada neste tratamento.
A necessidade de ocupar o tempo de forma criativa e prazerosa, buscar novas amizades, novos estímulos e aprendizados, torna-se essencial para a qualidade de vida das pessoas em geral e mais ainda daquelas que já ultrapassaram os 60 anos.
Entretanto, apesar de atividades artísticas e artesanais serem agradáveis, nem sempre atingirão o objetivo de tratar a depressão – em conjunto com medicamentos. Para tanto, é necessário o auxílio de um profissional formado em Arteterapia, por ter mais conhecimentos e recursos para lidar com essas questões de saúde.
Na opinião de Eliana, a função terapêutica da arte reside na possibilidade de concretização dos pensamentos, sentimentos, desejos e, também, de fatos da vida da pessoa, que podem ser representados por meio de recursos expressivos.
Bem-estar e melhor qualidade de vida
Nessas oficinas para depressão, primeiramente acontece o relaxamento com imaginação dirigida e então o tema proposto é desenvolvido com os materiais artísticos sugeridos. Esses temas referentes à depressão, tais como: desânimo, culpa, solidão, desamparo, medo e ansiedade são abordados separadamente em cada oficina.
Após a execução da produção, as pessoas têm a oportunidade de conversar sobre suas emoções e reflexões. Os pacientes podem ser atendidos em grupos ou individualmente. Os encontros, semanais, são indicados para que seja estabelecido o processo de autoconhecimento e vínculo com o terapeuta e colegas.
“Os resultados alcançados têm sido bastante positivos, propiciando bem-estar e melhor qualidade de vida”, finaliza.
Fotos: Eliana Cecília Ciasca (arquivo)
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)