quem não se lembra (pelo menos aqueles com mais de 40 anos), dos Carnavais da Av. São João dos anos 60? “Brincar na avenida” significava apenas ficar andando e dançando pela Av. São João, em São Paulo, o dia todo até o entardecer, soltando confete e serpentina, com uma máscara de pirata no rosto, ao som das doces marchinhas de carnaval daquela época, em completa confraternização com todos os que também ali estavam brincando.
Ninguém fazia mal a ninguém (não havia o medo que temos hoje de ladrões e trombadinhas). O “maior perigo” eram os “engraçadinhos” que usavam lança-perfume (até que fossem proibidos, pois muitos usavam líquidos tóxicos em vez de água).
Memórias
Quando chegava a noite, meu pai me puxava para a calçada (naquela época eu tinha 8 ou 9 anos) para dar lugar aos rapazes da prefeitura que começavam a isolar a avenida com cordões. Era chegada a hora de as Escolas de Samba descerem a avenida em direção ao Vale do Anhangabaú.
Todos ficavam, bem comportados, admirando o desfile (na época, gratuito e aberto ao público), com os fantásticos carros alegóricos e as maravilhosas fantasias. Que diferença entre o Carnaval do século 21 e o dos anos 60…
O Carnaval dos nossos filhos e netos, hoje, se resume a acompanhar os desfiles pela TV (alguns poucos podem assisti-lo ao vivo nos Sambódromos), ir à bailes carnavalescos em clubes fechados (poucos deles com “ambientes familiares”…), ou, o que a maioria acaba fazendo, “fugir do carnaval” e ir à praia mais próxima, e passar todos os dias do evento longe da folia…
É uma pena que, hoje, a folia não seja mais pular (literalmente) o carnaval, com seus amigos e familiares, ao som daquelas deliciosas marchinhas, esperando ansiosamente pela votação do Rei Momo do ano.
Saudade não tem idade
Mas, como saudade não tem idade, e para relembrar um pouco aquelas músicas (que não me saem da cabeça desde que comecei a escrever esta matéria), fizemos uma pequena coletânea de trechos das marchinhas que “fizeram a cabeça” da gente naquela época. Clique no vídeo acima para ouvir as músicas.
Abaixo, alguns trechos das principais marchinhas da época:
Máscara Negra (Zé Keti-Pereira Mattos): Quanto riso oh quanta alegria. Mais de mil palhaços no salão. Arlequim está chorando pelo amor da… Mamãe Eu Quero (Carmen Miranda): MMamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar! Dá a chupeta, dá a chupeta, ai, dá a chupeta… Bandeira Branca (Dalva de Oliveira): Bandeira branca, amor, não posso mais. Pela saudade, que me invade eu peço paz… Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly): Olha a cabeleira do zezé. Será que ele é? Será que ele é? Será que ele é bossa nova? Será que ele… O teu Cabelo não Nega (Lamartine Babo): O teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor, mas como a cor não pega, mulata. Mulata, eu… Aurora (Mário Lago): Se você fosse sincera, Ô ô ô ô, Aurora. Veja só que bom que era, Ô ô ô ô, Aurora. Um lindo… Me Dá Um Dinheiro Aí (Moacyr Franco): Hei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí. Hei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá… Pastorinhas (Noel Rosa): A estrela d’alva no céu desponta. E a lua anda tonta com tamanho esplendor. E as pastorinhas pra… Abre Alas (Chiquinha Gonzaga): Ó abre alas, que eu quero passar. Ó abre alas, que eu quero passar. Eu sou da lira, não posso negar…/font> |
Fotos: Acervo Prefeitura de São Paulo / divulgação
Áudios: divulgação
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