“O primeiro amor a gente nunca esquece…” Essa frase é mais do que verdadeira para o casal Klaas Prins, 89, e Geerte Valk, 88, que se conheceram na Holanda no meio da 2ª Guerra Mundial. O então casal de adolescentes se apaixonou e deu o primeiro beijo em um barracão que servia de abrigo para quem fugia do conflito.
Mas a guerra os separou. Klaas foi para os campos de batalha, serviu na Indonésia e imigrou para o Brasil. Perderam o contato. Cada um se casou e teve filhos…
O primeiro beijo…
“Eu tinha 16 anos e ela estava para fazer 16. Me lembro até hoje. Um dia, eu estava no barracão sentado em um fardo de palha. E ela ali, rodeando”, relembra Klaas. “Uma hora convidei ela pra sentar no meu colo. Ela rodeou, rodeou, duas, três vezes, e sentou. Quando chegou a hora, eu tentei dar um beijinho, ela virou a cara e o beijinho acabou indo para o seu pescoço. Isso eu conto, ela também. Ninguém esqueceu”, completa.
Depois da guerra, Klaas voltou para a Holanda. Perdeu o contato com Geerte e conheceu Marchien, mãe dos seus filhos, em um baile. Vieram para o Brasil em 1953, quando ele tinha 25 anos, a convite de uma cooperativa que estava se organizando com imigrações, e aqui ficaram. Após a morte de sua esposa, Klaas voltou a morar sozinho e, atualmente, mora em um lar de idosos em Carambeí (a 140 km de Curitiba).
Geerte também casou e teve filhos. Viúva, vive em Puttershoek, na Holanda.
Como num conto de fadas
Durante todo esse tempo, Klaas sempre se lembrava daquele inverno em que conheceu Geerte. “Faz 72 anos que não falo com ela, minha primeira namorada”, relembrava Klaas. “O que será que houve com ela?”, indagava, curioso.
Após assistir a um programa de TV holandês chamado “Memories”, ele escreveu uma carta para o programa, relatando a história. Como num conto de fadas, alguns dias depois, a produção do programa ligou para ele dizendo-lhe que encontraram sua antiga namorada.
Com o apoio dos filhos, Klaas, acompanhado por uma de suas filhas e seu genro, voou imediatamente para a Holanda. Perguntado sobre onde queria o reencontro fosse gravado, não teve dúvidas. “O barracão onde sentamos no fardo de palha e quase demos o primeiro beijo”, respondeu com saudosismo.
Após o reencontro – e seu segundo beijo em Geerte –, ela veio ao Brasil visitá-lo. Ficou 42 dias e voltou para a Holanda porque sua filha ficou preocupada.
“Eu entendo, também tenho filhos e netos. É difícil. Nos falamos duas vezes por semana, por telefone. Agora vou para Holanda visitá-la no dia 10 de agosto. Nós queremos ficar juntos”, afirma Klaas. “E, se depender de mim, a partir de hoje!”, enfatiza.
fotos/ilustrações: arquivo pessoal / divulgação
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)