“Eu acho que a vida não tem um sentido único, tem vários sentidos que podemos dar à nossa existência. A vida não é tudo que eu quero, por isso, precisa ser agradável. As pessoas ficam romanceando a vida, fazendo planos muitos distantes, mas é preciso apreciar onde você está agora e fazer o seu melhor. Acham que só vão ser felizes quando mudarem de profissão, casarem, mas não cuidam de si mesmos, não apreciam o momento. Querem chegar a algum lugar e não apreciam o caminho”. A afirmação é de Coen Roshi (foto), 70 anos, monja responsável por uma comunidade budista em São Paulo.
Ter um propósito de vida pode aumentar a longevidade
Com o objetivo de provar que longevidade tem uma relação direta com ter um propósito de vida, um estudo conduzido por pesquisadores de três universidades (University College London, Princeton University e Stony Brook University) e realizado com 9.050 ingleses com idade média de 65 anos descobriu que as pessoas que sentiam que aquilo que faziam realmente valia a pena tinham 30% menos chances de morrer dos que as demais.
De acordo com o médico Rafael de Negreiros Botan, oncogista clínico do ICB (Instituto de Câncer de Brasília), nossas emoções são moduladas pelo sistema nervoso autônomo que, por sua vez, atuam no sistema imunológico e assim sucessivamente.
A pesquisa acompanhou o grupo de ingleses por oito anos e dividiu os participantes em quatro: desde os que tinham um claro propósito de vida até as que não apresentavam a característica. O resultado é que 9% das que estavam no primeiro grupo faleceram durante o estudo, contra 29% dos classificados na categoria mais baixa.
Ter um objetivo de vida reduz risco de doenças
Segundo os pesquisadores, o primeiro grupo viveu em média dois anos a mais do que aqueles que demonstravam controle sobre o seu propósito. E esse não foi único estudo a fazer essa relação. Diferentes pesquisas realizadas nos Estados Unidos também mostram que ter um objetivo de vida reduz em 27% o risco de ter doença cardíaca, em 22% as chances de ter um AVC (acidente vascular cerebral) e cai pela metade quando se trata de Alzheimer. De acordo com Botan, além de prevenir doenças, ter um propósito de vida também é decisivo para quem precisa enfrentar uma doença grave.
Por outro lado, o médico diz que já sai na frente quem acredita que o tratamento, apesar de longo e doloroso, pode ser feito e vencido. “Essa já é uma forma da mente de modular os processos biológicos do corpo e já é um ganho a mais nessa batalha”, afirma.
“Ter um motivo para se acordar todos os dias de manhã e seguir em frente com orgulho e satisfação a vida que se leva parece ser uma nova modalidade de terapia para a alma e consequentemente para o corpo”, enfatiza Botan.
Fotos/ilustrações: divulgação
Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)