“Ser modelo é uma carreira na qual você não tem escolha. Só o que pode fazer é se cuidar. O mercado vai me dizer até quando conseguirei trabalho”.

Se você está pensando que a frase acima foi dita por uma jovem no auge de seus vinte e poucos anos, engana-se. A afirmação é da americana Cindy Joseph, modelo requisitada para dezenas de campanhas publicitárias e editoriais de moda de revistas até os seus 67 anos – ela faleceu em 12 de julho de 2018, por motivo de câncer.

Até os seus 49 anos, Cindy passou 25 anos de sua vida trabalhando como maquiadora, produzindo modelos e celebridades para sessões de fotos. Ela nunca imaginou que algum dia ela mesma pudesse estar diante das câmeras. E ainda assumir seus cabelos brancos.

Ford Models

Tudo começou quando ela foi abordada na rua por um fotógrafo que a convidou para estrelar um anúncio da Dolce & Gabbana. “Depois, fui chamada novamente por uma revista. Decidi ir à Ford Models”, relatou a modelo.

A ideia foi atraente para a agência, num momento em que a população dos EUA está envelhecendo e o poder econômico americano tem se concentrado mais nas mãos das gerações mais velhas. Ela logo foi contratada para a divisão chamada Ford Classics, que reúne modelos de faixa etária mais elevada que a média.

“Os anunciantes não estão me contratando por preocupação em fazer uma declaração sociológica, e, sim, porque querem vender. E a minha geração ainda está comprando. É empolgante saber que, numa época em que a juventude é idolatrada, as mulheres podem envelhecer e continuar sendo vistas como bonitas”, afirmou Cindy, em uma de suas entrevistas.

Nada de botox e cirurgias plásticas…

Diferentemente de suas colegas da Ford Classics, que usam botox e apelam às cirurgias plásticas, Cindy, que foi mãe de dois filhos, um com 41 e outro com 37 anos, dizia que, para parecer bem diante das câmeras, preferia “deixar a natureza seguir seu curso, cuidando do corpo e do espírito”.

“Os americanos têm a ideia de que a juventude é sinônimo de felicidade, e a velhice, de cansaço. Não é verdade. Depois dos 30, acho que ficamos mais cheios de energia, de sabedoria, de experiência. A linguagem publicitária tem de mudar, com uma nova perspectiva: a de que você pode ter cabelo grisalho e, ao mesmo tempo, ser capaz de correr uma maratona”, comentou.

Questionada se pretendia em algum momento se aposentar da carreira de modelo, ela dizia que tudo dependeria da demanda do mercado publicitário e de moda. “Se depender de mim, quero estar diante das câmeras até morrer”, finalizou.

_{Fotos/ilustrações: arquivo pessoal / divulgação}