É possível ajudar a população miserável do mundo. O prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, 65, (foto, ao centro) banqueiro de Bangladesh (país asiático rodeado quase por inteiro pela Índia), fez isso através de seu Grameen Bank.
Yunus desenvolveu o sistema de empréstimos com valores quase irrisórios ajudando milhões de miseráveis em Bangladesh que, de outra forma, não teriam acesso a crédito no sistema bancário. “Erradicar a pobreza pode nos dar uma paz real”, afirma Muhammad Yunus.
O banqueiro estudou Economia nos EUA, e começou a emprestar dinheiro de seu próprio bolso a pobres em Bangladesh que não tinham acesso a linhas de crédito convencionais.
Em 1976, ele emprestou o equivalente a 26 dólares à 42 mulheres que faziam cadeiras de bambu, o que as ajudou a comprar mais matéria-prima. O grupo pôde pagar, pouco depois, o empréstimo.
Com apoio governamental na década de 80, ele criou o Grameen Bank. Hoje mais de 6,5 milhões de pessoas contam com empréstimos do banco, e a devolução chega a quase 99%. Esse resultado contrariou as previsões pessimistas e a inadimplência é mínima. Cerca de 90% do banco pertence a bengaleses, os quais pedem empréstimos, depositando e confiando no banco.
O Banco Grameen inovou ao priorizar as mulheres mais necessitadas na sociedade bengalesa. 96% dos empréstimos é concedido à mulheres na zona rural do país, um dos mais pobres do mundo, com 146 milhões de habitantes.
Para uma sociedade islâmica ortodoxa, onde as mulheres se casam muito cedo, têm muitos filhos e sofrem com o analfabetismo e machismo, o microcrédito está provocando uma mudança gradual ao dar poder a elas.
Isso demonstra que é possível fornecer empréstimos e até planos de previdência e poupança com pouquíssima margem de lucro e, assim, modificar o padrão cultural e econômico de paises pobres.
Esse sistema já foi copiado e adotado em mais de 50 países. Calcula-se que 100 milhões de pessoas em todo o planeta já tenham sido beneficiadas por algum microcrédito.
No Brasil o sistema de microcréditos também já esta sendo aplicado pelo Banco do Nordeste, em Fortaleza. O projeto “São Paulo Confia”, parceria entre a prefeitura paulistana, bancos, organizações não-governamentais e o Banco do Povo no Rio Grande do Sul concedem o benefício, assim como acontece em outros 20 países da América Latina.
Segundo especialistas, a escala ainda é pequena. A legislação brasileira restringe muito a iniciativa por não poder haver contas de poupança nesse sistema, como ocorre em Bangladesh.

Coordenadora Geral do Portal Terceira Idade, Pesquisadora do Envelhecimento, Pedagoga e Jornalista (API, Assoc. Paulista de Imprensa: Reg. 2152) (clique aqui para falar com a colunista)