você teria coragem de entrar numa espaçonave e viajar para outro planeta? E se a viagem fosse só de ida, pra não voltar nunca mais aqui para a Terra, sem ter a oportunidade de ver novamente sua família e seus amigos? A pergunta não foi tirada de uma dessas conversas que a gente tem ao redor da mesa de jantar, como quem joga conversa fora…
Quando a ficção se torna realidade…
A corajosa – ou “maluca” como é chamada pela família – Sandra Maria Feliciano da Silva (na foto acima), professora e advogada rondoniense de 51 anos, inscreveu-se em um programa de colonização do planeta Marte, chamado Mars One.
O projeto, encabeçado pelo engenheiro mecânico holandês Bas Lansdorp, foi orçado em 6 bilhões de dólares, e convocou candidatos do mundo inteiro que estariam dispostos a ganhar uma passagem só de ida para o planeta vermelho.
Ainda não há tecnologia para que os inscritos retornem, mas, mesmo cientes, cerca de 200 mil pessoas estão concorrendo às 24 vagas finais – e Sandra é uma delas. A proposta é enviar seis grupos com quatro pessoas a cada seis anos e, mesmo tendo conhecimento de que enfrentarão temperaturas baixíssimas – que vão de -143°C (no inverno) para máximos de até 35°C (no verão equatorial) – e risco de morte, os candidatos parecem manter-se firmes à decisão. O percurso da Terra à Marte demora, com a tecnologia atual, em média 7 meses.
60 anos na data da decolagem
“E se não der certo?”. Entre risos, Sandra apenas diz: “Se não der, tento de novo”. O primeiro grupo está previsto para embarcar em 2024 e, caso Sandra seja uma das finalistas, terá 60 anos nessa data.
Mesmo sendo alvo de críticas e ceticismo na comunidade científica, a professora e advogada, nascida em Bauru, diz confiar no Projeto Mars One. “Na minha cabeça, os candidatos sabem que o projeto é perfeitamente plausível. Os fornecedores do Mars One são os mesmos da NASA. A tecnologia que está sendo usada é a mesma da Estação Espacial Internacional. Então, não vejo porque não daria certo para o Mars One”, afirma.
Sonho de infância
Sandra sempre teve apreço pela ciência e afirma querer morar em outro planeta desde a infância. De São Paulo, mudou-se para Rondônia ainda criança e desenvolveu grande habilidade para a Biologia. “Era uma vida bem diferente para uma criança. Tínhamos de ser criativos para desenvolver soluções para muitas coisas, já que todo o contexto de São Paulo não se aplicava mais. Imagine Rondônia 40 anos atrás”, comenta.
Se for realmente selecionada dentre os 24 finalistas, Sandra terá que percorrer um longo caminho de treinamentos, mas se demonstra confiante, e afirma possuir todas as características que a enquadram como uma boa tripulante. “A briga vai ser intensa porque todos os candidatos para esse projeto são muito fortes. Eu, inclusive”, completa.
E você, iria?
Fotos/ilustrações: arquivo pessoal / divulgação
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