O que é violência? Se passearmos pelas páginas do dicionário, encontraremos a definição: “ato de empregar força física ou intimidação moral contra alguém” (Houaiss, 2001). Se consultarmos especialistas da ciência gerontológica, nos depararemos com o triste fato que aponta que 55% dos que praticam agressões contra pessoas idosas são parentes! Logo, companheiros, filhos, netos e genros (ou noras) são os personagens principais desta inaceitável cena!
Surge então a indagação: a leitura de livros infantis que apresentam personagens idosos diferentes entre si pode alterar a leitura de mundo que a sociedade tem feito acerca dos idosos? Se sim, sugiro que leiam muito, para e com seus filhos e netos, a fim de que estes possam reconhecer a heterogeneidade da velhice e, então, romper com o modelo social que generaliza e simplifica esta etapa do ciclo da vida e os próprios velhos.
Neste sentido, busquem autores brasileiros como Monteiro Lobato, Ziraldo, Sylvia Orthoff, Ana Maria Machado, Paula Sandroni, Regina Drummond e Ricardo Azevedo, e façam o exercício de comparar os personagens idosos por eles criados. Verão, ao final desta prática de leitura tão agradável, que nenhum velho é igual ao outro, assim como nós adultos também não somos de maneira alguma.
Aceitar as diferenças entre as pessoas parece, então, um passo importante na construção de sujeitos menos violentos e mais humanos, não acham?
Fica aqui a sugestão: que tal no dia 15 de junho ir às praças públicas mediar leituras que nos façam rir, chorar e torcer por personagens idosos? Se vocês não encontrarem apoio para tanto, comecem em casa! Desliguem a televisão e leiam!
Ler nos faz romper com conceitos preestabelecidos e nos aproxima da sensibilidade de sermos humanos, além de dar um novo significado à palavra violência, mais próximo de seu núcleo (vis): vigor e potência. Portanto, se a violência nos faz sentirmos impotentes, a leitura nos impulsiona e dá força!
Pós-doutora em Gerontologia (USP), Doutora em Educação (UNICAMP) e Docente da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) (clique aqui para falar com a colunista)