achegada à terceira idade é sinônimo de problemas de saúde, apatia e cansaço. O que poucos sabem, porém, é que essas queixas podem não ser reflexo do processo de envelhecimento fisiológico, mas sim estar ligadas a uma doença: o hipotireoidismo.
A tireóide é uma pequena glândula com formato de borboleta e se encontra ao longo da base do pescoço, na frente da traquéia. E, se não estiver funcionando corretamente, pode causar a baixa produção do hormônio tiroxina (que participa na regulação do metabolismo e do crescimento), fazendo com que os sistemas do corpo reduzam sua atividade, o que se denomina de “hipotireoidismo”.
Segundo a Dra. Nilza Scalissi, endocrinologista da Santa Casa (SP) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o hipotireoidismo pode se apresentar de duas maneiras:
Hipotireoidismo clínico, responsável por uma redução significante do metabolismo, podendo causar fadiga, ressecamento da pele, ganho de peso, rouquidão e lentidão da fala. Segundo estudos multicêntricos, atinge de 0,5% a 5% da população idosa e chega a 7% de incidência em pessoas com mais de 80 anos, com maior presença em mulheres. Um dos maiores problemas do hipotireoidismo em idosos é a semelhança dos sintomas com as alterações do processo natural de envelhecimento.
Em sua forma subclínica, os sintomas podem ser irrelevantes, como fadiga ou frio excessivo, por exemplo, ou até mesmo não existirem, mas, se não for tratada, a doença pode progredir para o quadro clínico de hipotireoidismo. É ainda mais presente na faixa etária de 50 anos e se manifesta em 8% da população e a incidência sobe para 14% a 20% em pessoas com mais de 60 anos.
Segundo a endocrinologista, o hipotireoidismo clínico pode trazer sérios problemas para a saúde do idoso, como anemia e insuficiência cardíaca e pode ser confundido com queixas freqüentes da faixa etária. “Não é possível prevenir o hipotireoidismo em nenhuma das fases da vida, mas o tratamento é 100% eficaz se o diagnóstico for feito corretamente”, alerta.
“Por isso, é fundamental que os idosos, principalmente as mulheres, procurem seus médicos ao sentirem um desses sintomas. O diagnóstico é muito simples e o tratamento é feito com o reposição hormornal com a levotiroxina sódica, semelhante a tiroxina produzida pela tireóide. A indústria nacional já disponibiliza medicamentos adaptados para o clima e eficientes para os brasileiros”, finaliza a especialista.
As pessoas abaixo de 50 anos também podem ser acometidas pelo hipotireoidismo e se não tratado pode gerar sintomas tais como fadiga, ganho de peso, depressão ou intolerância ao frio, além de níveis de colesterol aumentados, doença cardíaca e infertilidade.
Pesquisas revelam que cerca de 5 milhões de brasileiros tem hipotireoidismo, a grande maioria ainda não diagnosticada. Tanto homens quanto mulheres podem desenvolver hipotireoidismo. Entretanto, a incidência é quatro vezes maior nas mulheres e aumenta com a idade, principalmente após os 35 anos.
Fonte: Profª. Drª. Nilza Scalissi – Professora livre-docente de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
Ilustração: Divulgação
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