férias! Quem nunca passou umas férias inesquecíveis na casa do avô, que atire a primeira pedra! Minha filha de sete anos acaba de voltar de lá cheia de histórias bem parecidas com as do livro que agora indico para vocês, leitores.
A obra “A casa do meu avô” (fotoreprodução ao lado) reúne quatorze poemas escritos a partir do tema apresentado pelo título. Nos poemas, o narrador é o neto, que logo no primeiro texto diz: “Ah como é boa essa vida na casa do meu avô!”; ”Bem melhor do que sorvete, mais gostosa que bombom”.
Nos textos seguintes, o neto elogia o jardim que fica atrás da casa, faz referência ao cachorro ao qual o “vovô deu o nome de Dengoso”, apresenta o piano da casa que “sempre toca de saudade da vovó”, fala sobre o tio Nená: “muito carinhoso, anda sempre perfumoso”, se encanta com a vizinha Izildinha, por quem ele sente uma coisa que acha que é amor e compara Geralda: a uma “fada cozinheira”.
A história termina com a despedida do neto que diz: “Vou levar tanta lembrança, vou morrendo de saudade, vou embora, mas eu volto, vou sentar então à mesa, vou pedir o mesmo prato, vou falar de boca cheia, de tanta felicidade”.
Quem pensava que só as avós eram as responsáveis por deixarem agradáveis lembranças na vida dos netos, enganou-se. Ter uma boa experiência com essa figura masculina faz as crianças refletirem sobre suas atitudes em relação aos demais idosos. Afinal, nem todos os homens mais velhos são carecas, usam bengala, passam o dia todo de pijama e vivem reclamando ou contando e escondendo moedas…
A diversidade no modo de se viver a velhice é uma realidade que precisa ser amplamente difundida pelos meios simbólicos. A literatura infantil, nesse sentido, é um poderoso veículo para promover mudança nas crenças que insistem em se manter no senso comum.
Educadores, no contexto familiar e escolar, podem lançar mão da leitura de obras da literatura infantil que apresentam diferentes personagens idosos a fim de mostrar às crianças do século XXI que a velhice é uma etapa do ciclo da vida que é vivida por alguns com sabedoria e bem estar.
Hoje, minha filha perguntou: “Mamãe, por que não nos mudamos para uma casa grande com jardim e quintal que nem a casa do vô?” E eu respondi: “Porque ainda não podemos tornar este sonho real, mas com certeza as férias sempre serão lá na casa do vovô que tem gosto de sonho e cheiro de saudade da vovó”.
Feliz ano novo e boa leitura!
Foto: Divulgação
Pós-doutora em Gerontologia (USP), Doutora em Educação (UNICAMP) e Docente da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) (clique aqui para falar com a colunista)