na velhice, o que vemos no espelho nos impede de viver? O livro “Avós” (foto), escrito por Heras e publicado pela editora Callis no ano de 2003, encanta platéias de diferentes idades. Tenho apresentado esta obra a crianças e a idosos que, a partir do enredo, têm se questionado sobre como acreditamos que há realmente algo de “errado” em envelhecer.
O diálogo entre dois personagens idosos chamados de avó e avô serve como mola propulsora para uma relação dialógica entre a leitura em si e aquilo que Paulo Freire chama de “leitura de mundo”. Por isso, ler este texto é dispor-se a ver o mundo com outros olhos.
No início desta história, o personagem idoso ouve um carro que faz propaganda em alto e bom som pelas ruas de sua cidade: “Esta noite haverá festa, venham todos dançar!”. Em seguida, muito animado, convida a esposa, que responde: “Eu não vou. Já não sou uma menininha para andar de festa em festa”. Então a trama segue em frente com a tentativa do idoso em convencê-la a ir.
O mais interessante é que os argumentos do avô estão sempre pautados nas qualidades da avó, que passa o tempo todo da história revelando a sua baixa auto-estima. Os dois terminam dançando e se divertindo muito, deixando a mensagem da superação do preconceito relativo ao comportamento que deveria ser “pertinente” a pessoas desta faixa etária.
Recomendo esta leitura para aqueles que precisam entender que gostar de nós mesmos em qualquer etapa do ciclo de vida talvez seja o primeiro passo no caminho para um processo de envelhecimento bem sucedido.
Boa leitura e até breve! Aguardo um comentário seu leitor.
Foto: Divulgação
Pós-doutora em Gerontologia (USP), Doutora em Educação (UNICAMP) e Docente da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ) (clique aqui para falar com a colunista)