A doença pode sair do primeiro plano das discussões sobre a saúde na terceira idade. Uma pesquisa do Centro de Estudos do Envelhecimento (CEE), do Setor de Geriatria da Unifesp, aponta a capacidade funcional (conseguir se locomover, raciocinar, realizar tarefas etc) como o principal fator relacionado à mortalidade entre idosos.
“Entre dois idosos hipertensos, é provável que o mais independente e autônomo tenha uma longevidade maior”, afirma o chefe do setor de Geriatria da Unifesp, Luiz Roberto Ramos.
A pesquisa, batizada de Projeto Epidoso, é o primeiro estudo longitudinal, que consiste em acompanhar uma população ao longo do tempo, realizado com idosos na América Latina. O trabalho começou em 1991, com a elaboração de um cadastro com 1.667 idosos da Vila Clementino, bairro da região Sul de São Paulo. As mudanças no perfil do grupo serão acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas da universidade.
Até a segunda etapa do projeto, iniciada em 1994, quando o grupo foi revisitado, a população havia reduzido para 1.108 pessoas. “Muitos se mudaram, mas, entre os 192 que haviam morrido, observamos que a maioria tinha problemas cognitivos (de memória ou concentração) ou dependência física”, diz Ramos.
Desde o ano passado, cerca de 30 profissionais em saúde estão voltando às casas dos idosos da Vila Clementino para a terceira etapa do projeto, em que a expectativa é que 600 idosos sejam ouvidos até agosto. A novidade, agora, é que o CEE conta com equipamentos para os exames neurológicos necessários para o diagnóstico do mal de Alzheimer.
O casal Oswaldo e Amélia Secatto, de 78 e 73 anos, respectivamente, participa do projeto desde o início. Em março eles estiveram na Unifesp, pela terceira vez, para fazer exames laboratoriais previstos pelo Epidoso. “Fiz o exame de sangue e agora vão me encaminhar para um especialista”, diz Amélia.
Oswaldo descobriu que tem uma artrite. “O trabalho é ótimo porque além de servir para a pesquisa também é útil para nós”, diz o aposentado. Dois outros projetos da Unifesp vão mostrar que a assistência ao idoso não deve se restringir ao ambulatório.
A Universidade da Terceira Idade, um projeto coordenado pela escritora Nadir Nogueira, autora do livro “O Homem Renovado”, que trata de envelhecimento,vai oferecer cursos e atividades culturais voltadas para a população idosa. E o Programa de Assistência Domiciliar ao Idoso (Padi), a ser implantado este mês, consiste em dar continuidade ao tratamento nas casas dos pacientes. “Queremos trabalhar cada vez mais para levar saúde e educação para a terceira idade”, afirma Nadir.
Redação do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a equipe de redação do Portal Terceira Idade)