oenvelhecimento representa a consequência ou os efeitos da passagem do tempo. O processo natural de envelhecimento, que é lento e gradual, é conhecido como senescência. O envelhecimento fisiológico é inexorável, dinâmico e irreversível, caracterizando-se pela maior vulnerabilidade às agressões do meio interno e externo e maior susceptibilidade a doenças, não significando, entretanto, adoecer. Já a presença de doenças relacionadas à idade é conhecida como senilidade.
Em algumas situações, os limites entre senescência e senilidade não são tão claros. Um exemplo é o aumento da pressão arterial sistólica (a máxima) que ocorre com o envelhecimento. Mais da metade das pessoas acima de 60 anos tem pressão arterial acima dos níveis considerados normais ou saudáveis. No entanto, apesar de ser muito comum, a hipertensão arterial deve ser considerada doença e tratada com igual rigor em adultos jovens e adultos idosos, com raras exceções.
Na geriatria, dois grandes erros devem ser continuamente evitados. O primeiro é considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa são decorrentes de seu envelhecimento natural, o que pode impedir a detecção precoce e o tratamento de certas doenças. O segundo é tratar o envelhecimento natural como doença a partir da realização de exames e tratamentos desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser facilmente explicados pela senescência (ou envelhecimento normal).
Outra implicação destas mudanças é que, não raramente, a manifestação de doenças pode ser bastante diferente num adulto jovem e num adulto idoso. Por exemplo, uma pessoa de 90 anos pode ter uma pneumonia sem ter febre, mas ficar repentinamente confusa, dizendo coisas sem sentido.
Apesar de o envelhecimento ser evento universal, ele não evolui da mesma forma nos diferentes indivíduos, de modo que a população idosa pode ser bem heterogênea, isto é, pessoas com uma mesma idade podem estar em condições gerais de saúde muito diferentes.
Todos nós conhecemos pessoas bem idosas, com mais de 90 anos. Ao pensar nelas, podemos identificar algumas que estão lúcidas – conseguindo caminhar sem dificuldade e levando uma vida independente–, já, outras, restritas à cama ou cadeira de rodas. Assim, o geriatra tem que ter conhecimento e discernimento para saber que as condutas diagnósticas (exames) e terapêuticas (tratamentos) podem ser muito diferentes, mesmo quando a doença a ser abordada é a mesma.
Na minha próxima coluna, estarei falando sobre como escolher seguir com um geriatra ou um especialista e se existe uma terapia antienvelhecimento. Até mais.
Fotos/ilustrações: divulgação
Redação do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a equipe de redação do Portal Terceira Idade)