A longevidade e o envelhecimento ativo compreendem bem mais aspectos que aqueles muito debatidos, como praticar atividades físicas, ter uma boa alimentação, redes de suporte social satisfatórias e espiritualidade. A maturidade alcançada pelos anos vividos traz aspectos para se pensar o que realmente importa, no contexto de vida individual, e envelhecer faz ponderar o que realmente é importante e traz satisfação na vida.
O que realmente importa
Ao longo de alguns anos trabalhando na temática do bem envelhecer e velhice tenho feito reflexões a respeito do que realmente importa e os horizontes de felicidade no processo de envelhecimento. A resposta certamente é diferente para cada pessoa no ciclo de vida. Entretanto, a compreensão dos fatores que realmente importam para os horizontes de felicidade pode convergir. E o prazer de envelhecer pode ser descoberto a cada novo olhar sobre a bagagem a ser levada consigo e o que deixar para trás.
Em particular, os anos têm me ensinado maior leveza em como vivenciar situações cotidianas diversas e os aspectos que realmente importam para os desejados horizontes de felicidade. A busca é constante e os percalços se tornam aprendizagens.
Ao debruçar-me nos diversos estudos sobre envelhecimento biológico e fisiológico do organismo vejo que são unânimes conclusões que corroboram os processos senis que podem resultar em incapacidades, fato inegável.
Entretanto, os processos de resiliência, ou seja, como cada pessoa vai lidar com as agruras vivenciadas na saúde ou outro aspecto da vida, no intuito de contornar as diferentes situações e tirar aprendizagens positivas, tornar-se-á o diferencial para a velhice bem-sucedida.
Envelhecer e velhice
Muito se fala na gerontologia sobre os aspectos positivos do envelhecer e velhice. Existem muitos fatores que devem ser pontuados como sendo positivos no processo de envelhecimento e velhice, sendo alguns: a maturidade; as habilidades e experiências acumuladas; uma rede familiar mais extensa e sólida; o enfrentamento mais ponderado em situações de desgaste; a liberdade econômica e poder aquisitivo, pontuo que somente para alguns, infelizmente; o maior tempo para desfrutar de relações diversas; dentre inúmeros outros fatores que cada pessoa pode citar de acordo com suas vivências individuais.
Contextos diversos em que têm que ser considerado o acesso aos diversos bens e serviços que trazem consequências diretas na saúde e bem-estar e, devido às desigualdades socioeconômicas ao longo da vida, podem tornar a velhice uma fase da vida ainda mais segregadora e negligenciada em uma sociedade que não tem uma cultura para educação ao envelhecimento. Os impactos se traduzem nas diferentes formas de envelhecer e velhices, realidades diversas no Brasil.
Finalizando, volto ao aspecto mais micro, ou seja, individual do envelhecimento, deixando a seguinte pergunta: a maturidade, ganho do envelhecimento, já lhe trouxe no seu contexto de vida atual a ponderação no que realmente traz horizonte de felicidade?
Fonte: Rodrigo Caetano Arantes, Professor e pesquisador em envelhecimento e pessoas idosas
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